Não faltará dinheiro para reforma agrária, afirma Lula

28/09/2005 - 19h28

Nelson Motta
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que "não vai faltar nenhum real para fazer os assentamentos que tem que fazer no país este ano". A declaração foi feita hoje na cidade de Santa Cruz de Cabrália, na Bahia, durante o discurso na entrega de títulos de posse para trabalhadores rurais da região ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A meta do governo é assentar 115 mil famílias este ano.

Ao comentar as ocupações de terras particulares e prédios públicos promovidas esta semana por integrantes do MST em todo o país, o presidente Lula disse que, ontem, chegou a pensar em não ir à Bahia, para inaugurar o assentamento, por causa das ações do movimento. Segundo o presidente, ele foi para casa e refletiu. "Eu acho que tanto a liderança do MST como o presidente da República podem ter a divergência que quiser ter, mas em nenhum momento o povo pode pagar o preço da insensatez que a gente possa cometer", enfatizou.

Lula disse ainda que tem a consciência de que, no movimento social, "a luta é quase infinita. Quanto mais a gente conquista, mais a gente tem vontade de conquistar. Então não pensem que eu fiquei chateado. Eu, às vezes, fico chateado, porque a gente pode fazer os acordos, sem precisar de barulho, porque às vezes sem barulho eles podem sair melhor", explicou.

Antes de terminar o discurso, o presidente entrevistou dois integrantes do MST, Nita Maria de Jesus, 64 anos, e Tertuliano Dias Nascimento, 82 anos. Segundo Lula, eles são a demonstração viva de que o movimento social pode transformar pessoas, dando esperança, tornando-as "guerreiros e guerreiras".

A dona Nita, que ganhou um lote em outro assentamento, o presidente perguntou qual era o significado de ganhar o lote. Ela respondeu que "tudo que desejava na vida era ter uma terra. Se eu morresse sem ter um pedaço de terra, eu não me salvava. Pra mim, a coisa melhor do mundo de existir foi Lula ganhar a presidência pra gente ter a terra da gente".

A Tertuliano, Lula perguntou o que significava a terra recebida na reforma agrária. "Essa terra é para mim trabalhar enquanto for vivo e deixar para os meus filhos", respondeu o agricultor.