Irmão de missionária assassinada na Amazônia diz que tem esperança na Justiça

28/09/2005 - 20h52

Brasília, 28/9/2005 (Agência Brasil - ABr) - David Stang, irmão da missionária Dorothy, assassinada em fevereiro na cidade de Anapu (PA), perguntou em entrevista coletiva à imprensa se "existem dois Brasis". Ele disse estar confuso porque acreditava que as investigações sobre o assassinato já haviam terminado. Mas ouviu dos ministros da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, que o inquérito ainda não acabou.

Acompanhado de uma comitiva de 11 pessoas, David Stang revelou: "Fui a Belém ver o que o governo tem feito para investigar a morte da minha irmã. Não ouvi apoio. Achamos que as investigações no Pará já acabaram. Mas ontem (27) estive com os ministros. Eles me deram um abraço e garantiram que teremos justiça".

Segundo David Stang, "chegamos ao Brasil com esperança de apoio do governo a esta mobilização – se tivermos justiça, teremos esperança no país".

O advogado da família de Dorothy Stang, Brent Rushforth, informou que ainda há muita coisa a ser investigada. Segundo ele, existem outros três fazendeiros suspeitos de participação no crime. E acrescentou: "O mundo quer ver se o Pará fará justiça neste caso".

De acordo com o advogado, 772 trabalhadores rurais foram assassinados na região nos últimos 33 anos, mas apenas três fazendeiros foram julgados. "Destes, dois estão foragidos e o outro cumpre pena domiciliar em sua mansão em Goiânia", contou.

A missionária Dorothy Stang foi assassinada no dia 12 de fevereiro. Era conhecida por sua luta pela implementação de projetos de desenvolvimento sustentável e por denunciar a exploração ilegal de madeira na região da Amazônia, além da grilagem de terra e da violência contra trabalhadores. Cinco acusados de envolvimento no assassinato estão presos em Belém.