Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Ao participar do seminário que reúne especialistas da comunicação de vários países, o diretor-geral da estatal venezuelana (Telesur), Aram Aharorian, disse que apenas por meio do conhecimento e do respeito às diferentes culturas, a América do Sul conseguirá uma efetiva integração. "Nós dissertamos sobre a integração, mas nossos países não se conhecem", afirmou. O evento faz parte das preparações para a reunião de chefes de Estado da Comunidade Sul-Americana de Nações, que será realizada amanhã (29) e depois (30) em Brasília.
Aharorian disse que os cidadãos sul-americanos foram treinados a olhar para si mesmos com olhos de estranhos. "Temos que saber quem somos e nos assumir para depois tentarmos integrar". Para isso, de acordo com Aram, é preciso que os meios de comunicação sejam uma ferramenta para o conhecimento mútuo. "Temos que fazer uma televisão com nossos próprios pontos de vista sobre a América Latina", acrescentou.
"A gente conhece mais das culturas de países mais distantes do que as dos países vizinhos. Sempre ouvimos que temos que trabalhar como irmãos, mas quando venho ao Brasil tenho os mesmos problemas que para viajar para a Alemanha ou França", afirmou o diretor de conteúdo do Canal 7 – a TV estatal da Argentina, Gustavo Souto.
Um dos integrantes do Comitê Gestor da TV Brasil - Canal Integración, Delorgel Kaiser, acredita que "sem essa integração cultural e educacional, o Mercosul, por exemplo, não se concretizará". Para ele, "é necessário que as pessoas tenham, em seu cotidiano, experiências de integração - isso pode se dar por meio do conhecimento da história, das culturas dos outros países".
De acordo com o sociólogo José Carlos Dura, da Fundação Getúlio Vargas, "se você tem meios de fazer o seu trabalho circular na América Latina, a dependência em relação a outros centros culturais se torna menor. Quanto menor a dependência, melhor para nós", ressaltou.