Setor metalúrgico retoma patamar e vendas da indústria do Rio recuam 4%, segundo Firjan

27/09/2005 - 19h03

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio - O setor metalúrgico foi ao mesmo tempo vilão e herói das vendas reais da indústria fluminense no último mês de agosto. O faturamento da indústria cresceu 1,91% em agosto contra julho. Com ajuste sazonal, entretanto, os dados divulgados hoje pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) mostram recuo nas vendas de cerca de 4%.

A economista Luciana Marques de Sá, chefe da Assessoria de Pesquisas Econômicas da Firjan, explica que, por conta de pedidos atrasados, o setor metalúrgico concentrou elevação das vendas até junho e nos últimos meses voltou ao patamar normal. Em agosto, o setor apresentou queda de 32,26% em relação a julho, e de 9,48% contra agosto de 2004, influenciando o resultado mensal. Mesmo assim, o crescimento do setor metalúrgico em 2005 é expressivo, da ordem de 75,8%.

Luciana de Sá destaca, entretanto, que "olhando a análise de tendência setorial, a gente já capta vários setores revertendo a tendência para cima. A atividade está reacelerando. Apesar da queda nas vendas, que foi muito localizada no metalúrgico, já se observa uma retomada".

Na comparação com agosto de 2004, as vendas da indústria fluminense acumularam alta de 5,89% , com crescimento de 9,6% nos oito primeiros meses do ano em relação ao mesmo período do ano passado, informa ela.

O boletim Indicadores Industriais da Firjan revela que horas trabalhadas e utilização da capacidade instalada dão sinais de estarem subindo, "com base em crédito, exportações e a situação do emprego ainda favorável, além da recuperação de renda", diz a economista. O salário médio da indústria do Rio cresceu pelo sétimo mês consecutivo, atingindo em agosto alta de 10,91% contra igual mês de 2004 e 2,34% contra julho deste ano.

Em relação ao indicador pessoal ocupado, a economista observou que houve uma pequena queda de 0,23% no mês, em razão da retração das vendas, o que equivale à demissão de 800 empregados. Com isso, foi interrompida a trajetória de crescimento registrada a partir de abril. Luciana de Sá destacou, porém, que o movimento não configura uma mudança de tendência mas, sim, uma acomodação.

A análise considera o fato de que "mais de 70% da queda do pessoal ocupado foram decorrentes do setor têxtil", que é intensivo em mão-de-obra e tem grande peso no emprego industrial, esclarece a economista. Ela crescenta que "pela própria sazonalidade do 2º semestre, o pessoal ocupado tende a se manter elevado".