Rossetto diz que ocupações no Incra atrapalham reforma agrária

27/09/2005 - 12h15

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, condenou as ocupações de prédios do Instituto Nacional de Colonização Reforma Agrária (Incra) promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O ministro disse que ficou surpreso com a ação do MST e afirmou que essas ocupações prejudicam o cumprimento do Plano Nacional de Reforma Agrária.

"Obviamente nós não podemos concordar com a ocupação do Incra, e tomaremos todas as medidas necessárias. É evidente que isso atrapalha a reforma agrária, na medida em que impede ou dificulta que os servidores do Incra possam trabalhar para garantir o cumprimento de metas", afirmou Rossetto, em entrevista à Radiobrás. "As sedes do Incra devem ser liberadas, o Incra deve ter condições de trabalho exatamente para cumprir essas metas".

O Plano Nacional de Reforma Agrária prevê o assentamento de 400 mil famílias até o final de 2006. Segundo Rossetto, nos dois primeiros anos de governo Lula foram atendidas 117,5 mil famílias. Este ano foram assentadas 50 mil famílias e há terras garantidas para atender 32 mil. A meta é assentar 115 mil famílias até o final de 2005. "Uma determinação clara é assegurar o acesso à terra, gerar trabalho e emprego no campo e realizar todas as diretrizes do Plano Nacional de Reforma Agrária", destacou Rossetto.

Pelos cálculos do movimento, em 2003 apenas 9 mil famílias do MST foram assentadas. Em 2004, foram 11 mil e este ano, até agosto, 4 mil famílias sem-terra conseguiram assentamentos. Haveriam 130 mil famílias acampadas em todo o país, 58 mil só do movimento, que, até ontem, havia ocupado 21 prédios do Incra, em 15 estados e no Distrito Federal. Os sem-terra reivindicam sete acordos estabelecidos com governo federal na Marcha Nacional pela Reforma Agrária, que ocorreu em maio deste ano. Entre os itens, estão o assentamento de 400 mil famílias até 2006, a concessão de linha de crédito especial para os assentados, distribuição de recursos para as agroindústrias e de cestas básicas mensais para os acampados.