Brasília, 27/9/2005 (Agência Brasil - ABr) - O relator do processo disciplinar do deputado José Dirceu (PT-SP) no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), comentou há pouco que existem "contradições violentas" entre o depoimento do ex-ministro da Casa Civil, que começou às 15h, e o da diretora do Banco Rural, Kátia Rabello, na quinta-feira (22).
"Precisamos esclarecer a participação do empresário Marcos Valério nos agendamentos e contatos feitos entre a Casa Civil e o Banco Rural. No depoimento da Kátia Rabelo, essa participação se revela mais incisiva. Já no depoimento do deputado, ela não aconteceu", afirmou Delgado.
Diante disso, o relator informou que pretende convocar para depor o empresário Marcos Valério de Souza e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. "Ele (Dirceu) intitula Delúbio como responsável inclusive por ações na época em que exercia a presidência do partido e a coordenação da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva", acrescentou.
Em seu depoimento, o deputado José Dirceu contou que teve três encontros com pessoas da diretoria do Banco Rural: em fevereiro de 2003, em agosto do mesmo ano e em agosto de 2004. E que lembrava da presença de Marcos Valério apenas no segundo desses encontros, realizado a pedido do Banco Rural, mas que o empresário não desempenhou papel ativo na reunião. Dirceu também disse lembrar da presença de Marcos Valério em um encontro marcado por diretores do Banco Espírito Santo, em janeiro de 2005.
O deputado justificou o encontro dizendo que "é natural que o ministro da Casa Civil ouça todos os setores da sociedade" e que esse é o papel da pasta, no assessoramento ao presidente da República. Lembrou que os encontros foram feitos a pedido dos bancos, para tratar de investimentos.