Greve no Banco Central pode reduzir dinheiro em circulação, diz sindicato

27/09/2005 - 16h57

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio – A greve dos funcionários do Banco Central, iniciada no último dia 19, e a possível paralisação das atividades no Banco do Brasil por 24 horas no país prevista para amanhã (28), pode resultar em falta de dinheiro nos caixas eletrônicos.

O alerta foi dado hoje (27) por Sérgio Belsito, presidente do Sindicato dos Funcionários do Banco Central regional Rio de Janeiro (Sinal/RJ). Ele acrescentou que o Departamento do Meio Circulante do BC, responsável pela distribuição de dinheiro ao setor no país, "já está há mais de uma semana parado direto e o banco já estava trabalhando em um regime de contingência, ou seja, na parte emergencial, que está sufocada, está se esgotando".

Sérgio Belsito admitiu que a tendência é piorar o problema com a greve do setor bancário brasileiro, que poderá ser deflagrada a partir do dia seis de outubro próximo.

Amanhã (28), as regionais do Bacen em vários estados realizam assembléia pela manhã, para votar a continuidade do movimento grevista. Hoje, os servidores do Banco Central estiveram reunidos em Brasília com o diretor de Administração do BC, João Fleury, e o secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça.

O presidente do Sinal/RJ manifestou surpresa com a decisão do governo de repensar o processo de negociação. Belsito explicou que isso se deve à existência de uma política governamental de só utilizar R$ 1,5 bilhão para fazer o reajuste salarial dos servidores em 2006. "Isso dá um aumento médio de 1,5%, nada mais do que isso. E o governo está dizendo que não tem como tirar mais dinheiro, apesar de ter vetado um dispositivo da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que dava mais R$ 1,9 bilhão.O problema é vontade política", assegurou Belsito.

Segundo o presidente do Sinal/RJ, o governo está sendo pressionado para não aumentar os gastos públicos, principalmente com os servidores. Sérgio Belsito informou que a categoria tentou agendar um novo encontro com o governo, sem sucesso, apresentando uma nova proposta de reajuste de 15% e abrindo mão da reposição das perdas, visando preservar a carreira. Belsito revelou que os representantes do governo iriam consultar os Ministros da área econômica em relação ao aumento salarial pretendido pelos funcionários do Bacen.

O presidente do Sinal/RJ disse que há cinco anos, o Banco Central possuía um quadro próprio de 8,5 mil servidores. Esse número caiu hoje para 4,5 mil. A instituição tem ainda cerca de 2 mil empregados terceirizados. "O que a gente quer é manter um quadro que sempre foi eficiente, considerado uma ilha de excelência", afirmou Belsito.