Lúcia Nórcio
Repórter da Agência Brasil
Curitiba - Os produtos agrícolas fabricados em alguns dos 18 mil assentamentos do Paraná estarão sendo expostos na 2ª Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária, que se realiza em Brasília, de 29 de setembro a 2 de outubro. Incentivados pela superintendência estadual do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), os agricultores selecionaram apenas produtos orgânicos.
Do Projeto de Assentamento Araguaí, em Santa Maria do Oeste, com 207 famílias, foram selecionados derivados da erva mate, pepinos em conserva, bananas passa e outros produtos caseiros. No Araguaí funciona a Unidade de Beneficiamento da Erva Mate com secagem nos processos rápido e lento.
Os assentados agregam valor à produção da erva, transformando as folhas para cada uso específico. Com marca própria, a Erva Mate "Produtos da Terra" está sendo exportada para a Alemanha e Itália. Cerca de 350 famílias de três assentamentos e diversos pequenos produtores em mais de seis cidades da região produzem cerca de 150 toneladas de erva mate no ano.
Outra experiência de agroindustrialização dos assentamentos do Paraná é a do projeto de assentamento Santa Maria, em Paranacity, onde cerca de 25 famílias se uniram para formar a Cooperativa Agropecuária Vitória (Copavi). São 256 hectares onde se produzem por ano 60 mil hortaliças, 80 mil quilos de açúcar mascavo, 200 mil litros de leite e mais de uma tonelada de mandioca. Levantamento feito pelo Incra do Paraná mostra que a renda de uma família de três pessoas trabalhando chega a R$ 850 por mês.
Conforme disse à Agência Brasil a chefe do departamento de comercialização da Central de Cooperativas de Reforma Agrária, Adriana de Oliveira, que organiza a pariticipação dos assentados, serão levados a Brasília iogurtes, pães, salames e queijos. Segundo o agricultor Paulo Cezar Brizola, morador no assentamento Contestado na Lapa, participar da feira é a confirmação que "a luta valeu a pena". Ele disse que atualmente os filhos dos assentados têm alimentação saudável e é isso que os agricultores querem mostrar para o Brasil. "A importância da produção orgânica, a importância da reforma agrária como solução dos problemas sociais", afirmou.
A Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária reunirá agricultores familiares, pescadores artesanais, assentados, extrativistas, aqüicultores, quilombolas e indígenas, proprietários de empreendimentos agroindustriais, de turismo rural ou de artesanato rural.
De acordo com material divulgado pelo Incra, o objetivo é criar espaço de promoção, divulgação e comercialização dos produtos de empreendimentos da reforma agrária e da agricultura familiar. Em sua segunda edição, a feira contará com a participação de 496 expositores e a expectativa do Ministério do Desenvolvimento Agrário é receber 80 mil visitantes.