Michèlle Canes
Da Agência Brasil
Brasília - Educadores populares de todo o país se reúnem em Brasília nesta esta semana em Brasília nesta semana para trocar experiências e definir as estratégias para o trabalho em comunidades de baixa renda. O 4º Encontro Nacional de Formação da Rede de Educação Cidadã, promovido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e a Rede de Educação Cidadã/Talher, ligada à Assessoria especial da Presidência, conta com a presença de cerca de 90 educadores que participarão de palestras, dinâmicas e discussões.
Segundo a coordenadora nacional do Talher, Ana Borges, o encontro faz parte de um processo de formação dos educadores, que acontece várias vezes durante o ano em diversos níveis (nacional, estadual, regional e municipal). "O objetivo do nosso trabalho é chegar nas famílias. Isso tem sido feito por meio dos núcleos de ação popular. E no convênio com o ministério, a meta é organizar as famílias vulneráveis à fome e ajudá-las no processo de organização das suas comunidades, elevando o nível de consciência critica dessas famílias para promoverem o desenvolvimento na região delas", informou.
O contato com as famílias é feito por meio das lideranças populares e pelos educadores. Magda da Silva, integrante da rede de educadores populares do Talher no Distrito Federal, explica que os educadores trabalham com cursos de geração de renda e, junto com a comunidade, tentam resolver problemas na região. "A gente trabalha para que as famílias comecem a perceber que têm de buscar outros meios e não só receber os benefícios, que elas sejam capazes de geram seus próprios alimentos. Encaminhamos para cursos de artesanatos e salgados, por exemplo. A gente ensina os direitos, os deveres, a cidadania", conta. E destaca o resgate da auto-estima das famílias, ao se perceberem capazes de produzir sua própria renda.
Ela citou como exemplo as padarias comunitárias, as feiras e o Clube de Troca no Paraná. O trabalho de acesso à comunidade era desenvolvido por uma organização não-governamental local, a Cefuria (Centro de Formação Urbano Rural Irmã Araújo), e foi potencializado pelo programa do Talher. Segundo um dos educadores da ONG, João Santiago, a comunidade onde os projetos são realizados passa a exercer o controle social: "Nós discutimos a saúde local em um conceito que vai além do remédio. A comunidade começa a entender que para ter saúde é preciso saneamento básico, moradia".
Santiago destacou ainda que as comunidades paranaenses conseguiram restabelecer as relações pessoais e a dignidade por meio dos trabalhos desenvolvidos. "No processo do Clube de trocas as pessoas se encontram, se relacionam e se identificam. Com as trocas, acabam comprando a cesta básica que antes ganhavam. E comprar é diferente: nenhum ser humano pode se sentir bem tendo que receber todo mês, de alguém, o que vai comer. Com o que ele vendeu, ele pode comprar sua comida – é a dignidade resgatada", afirma Santiago.