Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Em abril deste ano, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) entregou à população de Pirenópolis (GO) a Igreja Nosso Senhor do Bonfim, após cinco meses de trabalho de restauração do monumento arquitetônico. A obra faz parte de um trabalho que inclui, entre outras frentes, a recriação de técnicas de construção de três ou quatro séculos atrás e o controle de animais que costumam se instalar em prédios antigos.
A igreja foi construída em 1750 e sua edificação e acervo pertencem ao conjunto arquitetônico e artístico da cidade, tombados pelo Iphan como patrimônio nacional. O trabalho custou R$ 120 mil e foi feito com recursos do ministério da Cultura com a supervisão do Iphan. "Foi uma obra de conservação", informa o chefe do escritório do Iphan na cidade, Paulo Sérgio Galeão. "Foi feito reparo em toda a estrutura de madeira, revisão completa no telhado, foram refeitas todas as instalações elétricas para dar mais segurança ao prédio e o piso foi substituído por um do mesmo material, porém mais novo". A igreja já havia passado por outras reformas, a última delas no final da década de 80. "Existe um número bastante grande de outras intervenções", acrescenta Galeão.
O acervo histórico de imagens sacras não foi restaurado. "Foi uma reforma de arquitetura e não propriamente artística. Mas a restauração visava inclusive garantir a conservação da parte artística porque uma goteira, por exemplo, compromete as peças", afirma.
Para conservação da arquitetura original, os arquitetos trabalharam com as mesmas técnicas usadas originalmente. A diferença foi a utilização do cimento "que dá mais durabilidade ao serviço e não aparece ao olho do observador". Na época em que a Igreja foi construída não havia o cimento. A técnica utilizada na época é chamada de taipa de pilão. Os esteios eram "simplesmente colocados dentro do chão e socados, esses esteios com o tempo se deterioram na altura do pé e a gente fez a substituição", explica.
Para a preservar o trabalho, Galeão conta que não há segredos. "É o zelo que qualquer pessoa caprichosa tem em casa". Os produtos de limpeza podem ser usados, mas com cuidado. "Como em uma casa, você tem os produtos certos para serem usados nos locais certos, não vai usar uma cera colorida em um assoalho de madeira". Já na parte artística, os produtos de limpeza devem ser dispensados – "Basta passar um espanador e pronto". O técnico alerta que o óleo de peroba é bom para a madeira, mas não deve ser usado em peças pintadas.
Um dos problemas da Igreja Nosso Senhor do Bonfim são os insetos. "As abelhas reincidem em se instalar nas torres da igreja", conta Paulo Galeão. Pombos, periquitos e cupins também causaram transtorno. "A reforma também teve como objetivo evitar a entrada desses animais. Os dejetos do pombo, por exemplo, têm uma ação erosiva muito grande."
Para evitar os cupins, a melhor arma, de acordo com o chefe do Iphan em Pirenópolis, é a limpeza. "Quando você localiza o problema no começo, vê o bichinho querendo se manifestar e passa e revidar o incômodo que ele oferece, o bichinho retroage o ataque. Limpa o local, mostrando que a casa tem dono. Essa é receita de manter um prédio".
Galeão alerta que a comunidade precisa estar atenta e ajudar na conservação. "Quando acontece uma invasão de abelha, por exemplo, a comunidade tem que se mobilizar e ir atrás de profissionais para remover o enxame".