Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio - O roubo dos R$ 2 milhões de um cofre da Superintendência da Polícia Federal no Rio mostra que a corporação precisa aperfeiçoar a forma de seleção de seus servidores e funcionários terceirizados, avalia a presidente da Associação Nacional de Delegados da Polícia Federal (ADPF), delegada Edina Horta. O roubo aconteceu no fim de semana, e 60 pessoas, entre servidores e funcionários, foram afastadas pela suspeita de participação no crime.
A delegada federal, que já trabalhou na Corregedoria e na área de recursos humanos da Polícia Federal em Brasília, diz que a corporação precisa investigar mais os candidatos a agentes, delegados e servidores administrativos, durante os processos seletivos.
Segundo Edina, algumas pessoas entram em instituições como a Polícia Federal, a Receita Federal, o Poder Judiciário e o Ministério Público já com o apoio do crime organizado. Outras se envolvem com a criminalidade depois de já terem ingressado no serviço público. "Temos que estar muito atentos a isso. Não podemos deixar que o crime organizado ganhe essa guerra", disse a delegada.
Edina disse ainda que o roubo do dinheiro mostra outras deficiências da Polícia Federal no Rio, como a segurança do cofre, as condições do prédio e a localização da superintendência, que fica em uma área de grande movimentação no centro da cidade.
Ela aponta ainda o erro de estratégia em manter o dinheiro na Superintendência, em vez de remetê-lo a um banco oficial. "Esse dinheiro teria que ter sido remetido para um banco, de imediato, ou para a Caixa Econômica Federal ou para o Banco do Brasil. Se é que havia a necessidade de se fazer alguma perícia nas notas, teria-se que se fazer isso lá dentro do sistema bancário. É o que é recomendado", afirmou a presidente da ADPF.
O Sindicato dos Servidores da Polícia Federal do Rio divulgou hoje uma nota à imprensa, dizendo que a instituição deveria oferecer um reforço para a segurança do prédio, por meio de equipamentos ou do aumento do policiamento.
Na nota, o sindicato também diz temer que, no intuito de apresentar resultados à sociedade, injustiças sejam cometidas pela direção da Polícia Federal, punindo policiais que sejam inocentes.