Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio – A próxima reunião do Conselho Monetário Nacional, marcada para o dia 28 deste mês, poderá trazer novidades para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O presidente do banco, Guido Mantega, espera que seja reduzida a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). Hoje fixada em 9,75% ao ano, a taxa é usada em operações de financiamento do BNDES.
Mantega participou hoje (21) de encontro com líderes das indústrias do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, na sede da instituição, nesta capital. Guido Mantega informou que a TJLP, como o nome diz, é uma taxa de longo prazo que orienta o investimento. "Ela é diferente da Selic, que é uma taxa de curto prazo". Explicou que os parâmetros que regem a TJLP são expectativa de inflação futura e expectativa de risco-país.
Ambos os parâmetros estão em trajetória descendente. O risco país se mostra abaixo dos 400 pontos, está caindo a perspectiva de inflação, o que ocorre também com a própria Selic. Mantega argumentou que "a Selic está caindo porque, com a queda da inflação, se você não baixar, vai ter um juro real ascendente. O mesmo vale para a TJLP. Se ela ficar no mesmo patamar com a inflação caindo, o custo do dinheiro para o investimento está subindo".
Mantega disse que olhando para essas variáveis, a TJLP tem condições de ser reduzida. Imaginando que até dezembro a taxa Selic vai continuar caindo e que essa queda poderá ser de 1,5 ponto percentual em relação ao atual patamar de 19,50% ao ano, uma vez que o mercado estima que a taxa fechará o ano em 18%, o Presidente do BNDES considerou natural que se pense em reduzir também a TJLP. Caso contrário, a TJLP ficará mais cara.
"O que vai acontecer é que você barateia o consumo e encarece o investimento. Estaria causando um desequilíbrio entre oferta e demanda, porque a TJLP é o parâmetro para a oferta de amanhã, enquanto a Selic determina o consumo de hoje. Para continuar tendo o equilíbrio inflacionário, com oferta suficiente condizente com a demanda, você tem que baixar também a TJLP", indicou.
O Presidente do BNDES esquivou-se, porém, de avaliar se a redução da TJLP poderia ter a mesma magnitude da queda que o mercado projeta para a Selic até o final do ano. A redução da TJLP foi defendida na ocasião pelos empresários, como forma de estimular os financiamentos para investimentos por parte das micro, pequenas e médias empresas brasileiras.
O Presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais, Robson Braga de Andrade, avaliou que "com a queda da inflação, a TJLP está ficando mais cara para os investimentos" por parte das empresas. Então, a demanda do setor produtivo é de que haja uma queda da TJLP, externou.