Produção artesanal com palha de carnaúba muda realidade de mulheres no Rio Grande do Norte

18/09/2005 - 8h37

Bianca Paiva
Da Agência Brasil

Brasília - A produção artesanal de esteiras com a palha da carnaúba mudou a qualidade de vida de muitas mulheres no Rio Grande do Norte. As esteiras são utilizadas para revestir dutos da Petrobrás por onde passa o vapor injetado nos poços de extração de petróleo. As cerca de 130 artesãs que fazem esse trabalho integram o Projeto Carnaúba Viva, da Organização Potiguar de Arte, Cultura, Desporto e Meio Ambiente, uma organização não-governamental. O projeto foi um três vencedores da etapa nordeste do Prêmio Finep de Inovação Social.

Segundo a coordenadora do projeto, Grácia Margarida Ramalho, um funcionário da Petrobrás Fome Zero teve a idéia de substituir o alumínio usado nos dutos, que era freqüentemente roubado, pela palha da carnaúba. Isso porque a planta é abundante no Vale do Assu e na região oeste do estado. Além de diminuir os custos para a empresa, a iniciativa gera empregos, valoriza a cultura local e ainda preserva o meio ambiente.

Grácia Ramalho afirma que o projeto, iniciado no final de 2003, mudou a vida das artesãs, a maioria delas desempregadas na época. "São pessoas com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), pessoas que antes estavam desempregadas, mulheres que não tinham nenhuma renda. Hoje muitas são arrimo de família, ou seja, chefes de família, porque às vezes o marido está desempregado e é a mulher que assume. Tem muitas aqui que tiram uma renda razoável. São pessoas carentes, que realmente precisam", explica.

O projeto também ajuda artesãos responsáveis por impermeabilizar as esteiras de carnaúba. Francisco Jobielson está no programa há mais de um ano e fala que antes não tinha expectativa de vida. "Vivia praticamente nas ruas. Depois do projeto isso mudou. Consegui um emprego, agora em casa posso me responsabilizar por uma parte na alimentação, pagar a conta de luz", afirma.