Centro para atender trabalhador é um dos vencedores do Prêmio Finep de Inovação Social no Sudeste

18/09/2005 - 8h37

Bianca Paiva
Da Agência Brasil

Brasília - O Centro de Atendimento ao Trabalhador (Ceat) surgiu em 2002 de uma parceria entre a Arquidiocese de São Paulo e um grupo de oito consultores técnicos, entre educadores, gestores sociais, sociólogos. O projeto, concorreu ao Prêmio Finep - Financiadora de Estudos e Projetos, e foi um dos três vencedores da região sudeste na categoria Inovação Social.

Segundo o diretor-administrativo financeiro do Ceat, padre Lício de Araújo Vale, a idéia do projeto é desenvolver uma ação integrada de atendimento ao trabalhador em situação de desemprego. "O foco do projeto é o trabalhador da periferia, o trabalhador mais excluído, que tem mais vulnerabilidade social. A tentativa é de recolocar esse brasileiro no mercado formal do trabalho e, se isso não for possível, criar condições para que ele possa ter geração de renda", afirmou.

Existem seis unidades de atendimento localizadas em áreas de periféricas de São Paulo: Braz, Ipiranga, Lapa, Santana, Santo Amaro e Itaquera. "A gente tem uma divulgação local na própria comunidade, na paróquia, em jornal de bairro, no entorno da unidade", disse.

Padre Lício conta que 41% dos trabalhadores que buscam o Ceat estão desempregados a mais de 36 meses. Ele acrescenta que 55% dos atendidos pelo projeto são mulheres na faixa de 19 a 29 anos - 37% na busca do primeiro emprego.

O Ceat oferece 22 cursos de qualificação e capacitação profissional, além de apoio psicológico e espiritual. "Temos também uma parceria com o Sebrae que a gente chama de Oficinas de Negócios. Se ele não consegue um trabalho mas tem alguma habilidade, então é motivado, por exemplo, a fazer um curso para ser um pequeno empreendedor e eventualmente captar recursos para um pequeno negócio ou para formação de uma cooperativa. A gente tem uma metodologia trazida do Canadá que se chama Time do Emprego, que também busca gerar renda ", explicou.

Entre 2003 e 2005 cerca de 300 mil trabalhadores desempregados foram atendidos pelo projeto e 17 mil foram recolocados no mercado formal de trabalho. "Só neste ano, foram captadas 51.870 vagas. Nós estamos colocando em torno de mil pessoas por mês no mercado formal de trabalho. Até o final do ano isso deve dar uns doze mil trabalhadores. Sobra vaga porque o que falta é qualificação profissional ao trabalhador. Nós temos cursos de qualificação para capacitar o trabalhador para atender essa demanda que a gente capta. Esse é o diferencial do nosso projeto", afirmou.

Segundo padre Lício o projeto é mantido com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Fat) repassados à Fundação Banco do Brasil através do Ministério do Trabalho e Emprego.

Eduardo José Marini, 40 anos, é um dos beneficiados pelo projeto social do Ceat que hoje está empregado. Ele é de Mocó, no interior de São Paulo e está no projeto há quatro meses. "O Ceat me deu a oportunidade de encaminhamento para cursos de atualização e também tem um lado, digamos, de dinâmicas em grupo para você conseguir elevar a auto-estima. Eu decidi voltar para São Paulo, lugar que já tinha trabalhado, e recomeçar a vida profissional. Se não fosse pelo encaminhamento do Ceat, pelo fato de ter criado meu perfil profissional com as informações do banco de dados, eu não teria sido selecionado para o meu atual emprego", afirmou.