Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ex-deputado Roberto Jefferson disse que não tinha nenhuma expectativa de ser absolvido pelos seus pares na votação de ontem, do seu processo de cassação. Jefferson foi cassado com os votos de 313 deputados. "Eu nunca acreditei que fosse absolvido pelo plenário da Câmara. Meu discurso foi de despedida", afirmou o petebista. Para ele, o julgamento foi político. Roberto Jefferson concedeu, hoje, entrevista coletiva à imprensa.
Jefferson disse que o recurso de seus advogados ao Supremo Tribunal Federal (STF) contestando a decisão da Câmara "é uma questão de direito". Ao mesmo tempo em que promete "nunca mais" candidatar-se a qualquer cargo eletivo, Roberto Jefferson diz querer reaver os direitos políticos, suspensos por oito anos com a cassação do mandato por quebra do decoro parlamentar.
Roberto Jefferson disse ainda não acreditar que novas cassações ocorram. "Com a decisão da Justiça de protelar a tramitação, os processos vão entrar pelo ano que vem sem serem apreciados", disse o ex-deputado. "A pizza quem vai corrigir é a população, no voto", ressaltou o ex-parlamentar.
Jefferson também defendeu a renúncia do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), que foi representado ao Conselho de Ética sob acusação de receber propina do concessionário de um dos restaurantes que funcionam na Casa, Sebastião Buani. "O Severino tem que renunciar ao mandato, mas não vou acusá-lo", afirmou Jefferson. Ele acrescentou que o deputado pernambucano não tinha condições para presidir a Casa. "O erro do PT foi ter insistido na candidatura do (Luiz Eduardo) Greenhalgh. Se fosse o Virgílio Guimarães (PT-MG), isso tudo não estaria acontecendo", afirmou o ex-deputado.
O ex-deputado disse que a Primeira-Secretaria sempre foi um "foco de corrupção" na Câmara. Foi no cargo de primeiro-secretário que Severino teria negociado propina com Buani. As licitações da Câmara são coordenadas pela Primeira-Secretaria. "Eu acho que os gabinetes dos deputados tinham que ter verbas próprias para compra de água, papel higiênico, essas coisas. Se os deputados e funcionários tomassem toda a água mineral comprada pela Primeira-Secretaria morreriam afogados", disse o ex-deputado.