Brasília, 12/9/2005 (Agência Brasil - ABr) - O Ministério das Relações Exteriores informa que o governo dos Estados Unidos pediu hoje (12) que a família de Benilda Caixeta Daniels envie radiografias da arcada dentária para ajudar no reconhecimento do corpo que pode ser da brasileira. Benilda, 57 anos, está desaparecida desde a passagem do furacão Katrina pela cidade de Nova Orleans, onde morava sozinha em um apartamento.
De acordo com o diretor do Departamento das Comunidades Brasileiras no Exterior, embaixador Manoel Gomes Pereira, Benilda, que é tetraplégica, teria falado com a família pela última vez no dia 29 de agosto e dito que não conseguiria sair do apartamento. Ontem (11), o Itamaraty recebeu a informação de que um corpo havia sido encontrado dentro desse apartamento.
O embaixador disse que o governo brasileiro pediu agilidade para o caso. "Nós pedimos, por meio do Consulado em Houston, que o governo norte-americano faça o reconhecimento desse corpo o mais rápido possível. Nós não sabemos se o corpo é de Benilda", afirmou.
Benilda vive nos Estados Unidos há mais de 22 anos e apesar de ter nascido no Brasil, perdeu a cidadania em 1990, depois de ganhar nacionalidade americana. O pedido de reconhecimento de cidadania norte-americana foi feito antes da Constituição Federal de 1988, que reconhece a dupla cidadania, segundo informou o embaixador. De família mineira, ela adotou o sobrenome Daniels quando foi morar nos Estados Unidos.
O embaixador Manoel Gomes lembrou que caso o corpo encontrado dentro do apartamento seja de fato o de Benilda, e a família queira trazê-lo para o país, "o Brasil não repatria corpos de estrangeiros". Garantiu, no entanto, que o Itamaraty trabalhará junto com a família para tentar resolver a questão. Gomes informou ainda que a família ainda não solicitou ajuda formal ao Itamaraty, mas disse que dentro das possibilidades legais, dará "todo o apoio necessário ".
Uma missão do governo brasileiro segue hoje para a cidade de Baton Rouge, capital do estado da Louisiana (EUA), a fim de acompanhar o caso de Benilda e os de outros brasileiros desaparecidos. Segundo o embaixador, não há brasileiros na lista de mortos, "mas com a quantidade de vítimas, não se pode descartar a possibilidade". Ele acrescentou não ser possível avaliar a quantidade de brasileiros afetados pela passagem do furacão no sul dos Estados Unidos, já que é grande o número de ilegais no país. Dos 100 pedidos de localização de brasileiros desaparecidos, o Consulado brasileiro já encontrou 78. Segundo estimativas do Itamaraty, cerca de 1,3 milhão de brasileiros vivem nos Estados Unidos.