Manguinhos tem mais problemas do que se esperava, diz diretora do Sindicato dos Petroleiros do Rio

08/09/2005 - 16h52

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil

Rio – As dificuldades da refinaria de Manguinhos são maiores do que se previa, segundo a diretora do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ), Márcia Felipe. "Os números apresentados pela empresa ao governo e à Petrobras praticamente inviabilizam um acordo que possibilite a retomada das atividades de refino da unidade e, conseqüentemente, a manutenção do emprego dos 500 trabalhadores".

Segundo Felipe, pelos números apresentados pelos acionistas de Manguinhos, para que a refinaria continuasse a operar, mesmo que no "zero a zero", ou seja, sem lucro algum, seria necessário que o preço do barril do petróleo no mercado externo fosse menor em relação ao seu preço médio, US$ 65, nas últimas semanas.

"Baixar para US$ 50 é algo pouco provável. O tamanho das dificuldades é muito grande para um cenário de curto prazo e dificilmente haverá acordo entre o Ministério de Minas e Energia, os acionistas de Manguinhos e a Petrobras – que disponibilizou a sua base logística para que a refinaria pudesse colocar os seus produtos refinados no mercado externo", explicou Márcia Felipe.

Felipe afirma que a garantia de emprego só deverá durar até a próxima terça-feira, quando o Conselho de Administração da refinaria avaliará os rumos da unidade. "Os trabalhadores já começam a se preparar para as demissões, que tudo indica serão inevitáveis. Nós só não sabemos é a real dimensão dessas demissões.

O Conselho de Administração se reúne na terça-feira [13] e deve definir qual será a atuação da empresa nestes próximos meses. A partir desta definição é que vão poder dizer quantos funcionários serão mantidos e quantos serão afastados."

As dificuldades das refinarias de Manguinhos, no Rio de Janeiro, e da Ipiranga, no Rio Grande do Sul, tiveram início com a alta do preço do barril no mercado externo. Como as unidades refinam petróleo leve, obtido no mercado internacional, ficou difícil manter o refino, principalmente, por causa da política de preços adotada pela Petrobras.

A estatal brasileira – que detêm 95% do mercado de derivados no país – adota uma política de não repassar para os preços internos as oscilações dos custos do barril de petróleo no mercado externo. "Como a Petrobras não reajusta seus preços internamente, Manguinhos fica impossibilitada de fazer isso pois não teria compradores no país", Márcia Felipe.

Negociações semelhantes têm ocorrido com a refinaria Ipiranga. Nesse caso, no entanto, parece que o desfecho poderá ser outro, uma vez que a unidade de refino localizada no Rio Grande do Sul tem equipamentos "mais modernos e chega a processar 40% de óleo pesado" – o que facilita as negociações que, segundo a diretora do Sindipetro-RJ, já estão "bastante adiantados".