Especial 8 – Rio planeja implantar batalhão policial permanente na Rocinha

08/09/2005 - 12h03

Vítor Abdala
Repórter da Agência Brasil

Rio – Depois de promover a ocupação da Rocinha com policiais da unidade de elite da Polícia Militar, a Secretaria de Segurança Pública do Estado diz que pretende tornar mais efetiva a presença policial dentro da favela. Por isso, a comunidade, que hoje é policiada por 60 homens do Batalhão do Leblon (bairro vizinho), deve ganhar seu próprio batalhão até o final do ano.

O secretário de Segurança Pública do Rio, Marcelo Itagiba, já anunciou que o local do Batalhão da Rocinha foi escolhido e que ele ficará no interior da favela. Segundo Itagiba, a nova unidade poderá acabar com o processo de insegurança permanente, capitaneado por traficantes de drogas que desafiam a comunidade e a polícia.

"Polícia é um bem necessário. Não existe sociedade organizada sem uma polícia para exercer o controle social em nome dessa sociedade. Agora, nós não podemos confundir polícia com o mau policial. Para isso, a gente tem que fazer ações internas de separar o joio do trigo", explica Itagiba.

Para o coordenador do Programa de Mediação de Conflitos da ONG Viva Rio (que atua em várias favelas cariocas), Pedro Strozemberg, o Batalhão da Rocinha será uma solução definitiva para a região. "É claro que depois tem todo um esquema de controle, acompanhamento e participação, mas é uma solução que, em princípio, vai agradar à maior
parte da população", diz.

Ele cita como exemplo o Batalhão do Complexo da Maré. Criado há alguns anos, a unidade, segundo Strozemberg, ajudou a reduzir os índices de criminalidade nas favelas da região, conhecidas pelos casos de violência.

A criação do batalhão na Rocinha recebe críticas das associações de moradores da favela. "Nossa preocupação é que se construa um batalhão e que se tenha tanto dinheiro investido para nada, para algo que não vai suprir nossas necessidades. O que nós estamos pedindo é que, em vez de construir o batalhão, que se construa uma escola politécnica. O problema é que querem resolver a questão de forma imediatista, para a próxima eleição", diz Sebastião José Filho, o Tião, presidente de uma das três associações de moradores da Rocinha.

Segundo Marcelo Itagiba, a nova unidade trará mais segurança e um conseqüente desenvolvimento para a população local. "Todo mundo quer policiamento e um policiamento voltado para comunidade. Eles só terão a ganhar, porque, a partir do momento em que você dá mais segurança, você tem condições de mais órgãos se instalarem lá", diz o secretário.