Com nova rodovia, governos também querem incentivar economias locais

08/09/2005 - 18h47

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Iniciada hoje (9) a construção da rodovia Interoceânica também pode favorecer as regiões do Acre, Rondônia e leste do Peru. Para isso, Brasil e Peru já estudam projetos complementares à obra. "É uma preocupação grande do governo brasileiro que a obra traga benefícios à qualidade de vida das comunidades locais e estamos trabalhando para isso", afirma o chefe da Divisão Econômica da América do Sul do Itamaraty, ministro Afonso Carbonar.

"É um projeto que vai gerar desenvolvimento e riqueza", complementa. Hoje (8), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, no Peru, da cerimônia de instalação da Comissão Intergovernamental de Alto Nível, responsável pela elaboração de um Plano de Desenvolvimento dos Corredores Econômico-Produtivos do Sul.

Paralelamente, o Itamaraty aguarda, para este mês, a visita de uma missão peruana que manterá contatos com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) do Ministério de Ciência e Tecnologia, entre outros órgãos. "Vamos ajudar na identificação de projetos complementares que possam alavancar o desenvolvimento dentro de um modelo sustentável", revela Carbonar.

O ministro explica que a idéia é implementar estas ações progressivamente, na medida em a estrada avança, de acordo com a vocação de cada região. "Em algumas regiões por exemplo, haverá entrepostos para carregar e descarregar", diz. A agricultura familiar também deverá ser foco de iniciativas conjuntas. Segundo Carbonar, o Itamaraty inclusive firmou convênio de cooperação com a Finep para que micro e pequenas empresas de engenharia e consultoria econômica auxiliem na identificação e no desenvolvimento desses projetos.

A complementaridade das economias regionais deve entrar em pauta em encontros da missão peruana com os governos do Acre e Rondônia. "È importante que as populações peruanas possam exportar para o Acre e para a Rondônia, possam se integrar a algumas cadeias produtivas. Para se ter uma idéia, algumas regiões da Amazônia importam alimentos de São Paulo. O Peru pode fornecer hortifrutigranjeiros, por exemplo", cita o ministro.

Segundo Ariel Peres, secretário de Investimentos Estratégicos do Ministério do Planejamento, a construção da Rodovia Interoceânica se refletirá na vida de 12,3 milhões de habitantes do eixo Peru/Brasil/Bolívia. A região tem um Produto Interno Bruto de US$ 31 bilhões, mas o PIB per capita é de apenas US$ 2,5 mil. Hoje, o eixo conta com 128 mil quilômetros de redes de transporte (malha rodoviária, ferroviária e hidroviária) – apenas 11,6 mil quilômetros de estradas são asfaltadas. "Acre e Rondônia, por exemplo, são regiões isoladas. A única interligação com pontos dinâmicos do país se dá na direção norte-sul. Com a rodovia, o Acre passará a ser um estado central", acredita.