Cônsul brasileiro diz que ordem começa a ser restaurada em Nova Orleans

05/09/2005 - 12h59

Benedito Mendonça
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A ordem está se restituindo em Nova Orleans e as pessoas estão voltando a ser bem atendidas pelas autoridades americanas. A informação foi dada hoje (5) pelo cônsul-geral do Brasil em Houston (estado do Texas, nos Estados Unidos), embaixador Carlos Alberto Pimentel. Ele foi designado pelo Ministério das Relações Exteriores brasileiro para chefiar a missão diplomática encarregada de prestar assistência consular aos brasileiros que vivem na região atingida. Segundo Pimentel, a situação neste momento – principalmente, em Nova Orleans, onde o problema é mais grave – é de estabilidade. Não há registro oficial de morte de brasileiros.

A criação da missão aconteceu menos de uma semana depois do furacão Katrina ter causado destruição aos estados da Louisiana, Mississipi e Alabama (sul dos EUA). O furacão atingiu essa região na última segunda-feira (29).

O Ministério das Relações Exteriores informou que a missão está levando alimentos, remédios e agasalhos para socorrer os brasileiros e que deverá acompanhar o trabalho de socorro desenvolvido pelas equipes americanas.

De acordo com o cônsul brasileiro, "nas últimas 48 horas as autoridades americanas, sobretudo, o Exército e a Guarda Nacional, estão tomando pé e comtrole da cidade, que por três dias estava completamente selvagem". Ele descrêveu que houve um momento em que "não havia contato possível" com ninguém na cidade. "A única pessoa cujo telefone não saiu do ar foi da dona Wanda Campos, porque todos os outros perderam o contato para fora", observou. A brasileira Wanda Campos mora em Nova Orleans e seu apartamento está situado na área isolada pelo Exército norte-americano, à qual não podem ter acesso autoridades brasileiras.

De acordo com Pimentel, em Dallas (Texas) o consulado atendeu a seis brasileiros que passam bem. "As brasileiras Mônica Vazão e Letícia Campos (uma de Curitiba e outra de Belo Horizonte) também estão bem", disse, lembrando que elas estavam em intercâmbio de estudantes. "Pedimos às autoridades locais que nos informem sobre outros brasileiros que, eventualmente, estejam aqui", afirmou, relatando ter "rodado" os Centros de Acolhimento e, aparentemente, não há mais nenhum brasileiro por aqui. "Nós não conseguimos listas minimamente válidas por parte das autoridades locais", ressaltou.

Ainda na manhã de hoje o embaixador Pimentel disse estar de deslocando para a cidade de San Antônio, também no Texas, onde devem estar por volta de 10 mil refugiados. "Lá, eu tenho o trabalho voluntário do pastor protestante Eric Yoli, que está me mantendo informado", contou ele, revelando que até o momento, "não se conseguiu localizar nenhum brasileiro neste local".

Sobre a informação divulgada pelo Itamaraty de que foram localizados 34 brasileiros dos 88 buscados pelo serviço de assistência consular, o cônsul assinalou que a grande maioria desses brasileiros já saiu de Nova Orleans por seus próprios meios ou já foram atendidos e transportados pelo Exército ou pelo serviço de atendimento americano para fora da região. Ele cita o exemplo do engenheiro José Cândido, "com cujo pai eu tenho falado sempre, provávelmente já está no Brasil". A última informação de Cândido, segundo o embaixador, é de que ele já estava voando de Dallas para Miami e depois para o Brasil.

O embaixador Pimentel assegurou que outros brasileiros que estavam em hotéis de Nova Orleans "também já foram localizados, já saíram de Nova Orleans voltaram para o Brasil ou continuaram sua viagem pelos Estados Unidos".

Pimentel disse que "a situação foi mesmo muito caótica, mas agora a coisa já está se engrenando". Ele contou ainda que os abrigos em Houston e Dallas, no Texas, onde esteve, estão, dentro das circunstâncias, bastante bem organizados. "Não está faltando comida e nem água para ninguém. Eu tenho a impressão que o pesado da crise já terminou e daqui por diante serão outras as coisas que vamos ter que nos ocupar: documentos perdidos, propriedades abandonadas em Nova Orleans".

O embaixador acredita que, "certamente", os governos locais vão pedir ajuda do Consulado e ao governo brasileiro. "Mas isso é uma fase que deve começar a partir de meados dessa semana, que é um período de feriados. Hoje, por exemplo, é feriado em Houston". O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em mensagem remetida ao governo americano, se colocou à disposição para enviar ajuda humanitária à região sul dos Estados Unidos assim que for solicitado.

A missão brasileira nos EUA poderá ser contatada pelo telefone (00xx1214) 691-8700. Pimentel lembrou os números de telefone para contato com o Consulado brasileiro em Houston. Do plantão do Consulado: (00xx) 713-961-1169. O telefone particular da residência do cônsul-geral: (00xx) 713-965-0104 e seu celular: (00xx) 713-822-0229.