Irmão de Celso Daniel diz que chefe do gabinete de Lula confessou participar de esquema de corrupção

01/09/2005 - 14h26

Ivan Richard
Da Agência Brasil

Brasília – Em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, João Francisco Daniel disse hoje (1º) que o atual chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, lhe contou em 2002 que era o responsável por arrecadar o dinheiro para um esquema de corrupção do qual participava também José Dirceu.

João Francisco Daniel, irmão do ex-prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel, assassinado em janeiro de 2002, disse que Carvalho o procurou após a missa de sétimo dia da morte de seu irmão. Carvalho teria lhe dito que o esquema era comandado por Klinger de Oliveira Sousa, secretário da Prefeitura de Santo André, Sergio Gomes da Silva (o Sombra) e Ronan Maria Pinto.

"Ele estava sério e disse: eu preciso confidenciar uma coisa. O Celso sabia do esquema do qual faziam parte o Klinger, o Sergio e Ronan. Ele (Gilberto) me falou que pegava o dinheiro, com muito medo, pegava seu corsa preto e levava o dinheiro para São Paulo e entregava nas mãos do deputado José Dirceu, então presidente do Partido dos trabalhadores", disse.

João Francisco afirmou que está depondo na CPI para esclarecer o assassinato de seu irmão. "Gostaria de dizer que minha luta não é político-partidária, por isso não sou contra um partido específico, nem contra uma pessoa específica. Só quero saber quem assassinou meu irmão, quais foram os mandantes, qual foi a motivação de seu brutal desaparecimento, e quero que se faça justiça", afirmou.

Celso Daniel foi seqüestrado quando saía junto com Sérgio de um restaurante em São Paulo. O carro, uma Pajero, era dirigido pelo empresário foi abordado por vários homens armados. O crime ocorreu em 18 de janeiro de 2002. Dois dias depois, a polícia encontrou o corpo do prefeito em uma estrada de Juquitiba, a 78 km da capital paulista.

A CPI dos Bingos investiga a suposta utilização das casas de bingo para a prática de lavagem de dinheiro e a possível relação das casas de aposta com o crime organizado.