Rio, 1º/9/2005 (Agência Brasil - ABr) - Nos próximos 20 dias, os administradores e advogados da Varig terão de encontrar uma solução que permita o pagamento do aluguel das aeronaves. Segundo o advogado Marcelo Fontes, que ajudou na elaboração do pedido de recuperação judicial da empresa, "caso não seja encontrada uma solução alternativa menos traumática do que a venda da VarigLog, essa operação poderá vir a ser concretizada".
Fontes avaliou como positiva para o processo de recuperação da Varig a decisão da juíza Giselle Bondim Lopes Ribeiro, do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª região, divulgada hoje: ela reconhece a 8ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro como único fórum competente para apreciar quaisquer questões referentes à venda de bens da empresa. Esta decisão revoga liminar que havia sido concedida a sindicatos do setor para arresto de bens da VarigLog e da Varig Engenharia Manutenção (VEM), que dessa maneira voltam a integrar o ativo do processo de recuperação judicial do grupo formado pela Varig, Rio Sul e Nordeste Linhas Aéreas.
De acordo com o presidente da Varig, Omar Carneiro da Cunha, "o reconhecimento da Justiça do Trabalho de que a única forma de proteger os empregados é protegendo a companhia é um grande avanço no entendimento do processo de recuperação empresarial".
O advogado Marcelo Fontes esclareceu que agora caberá à 8ª Vara Empresarial do Rio analisar se há ou não a necessidade de venda da VarigLog para o fundo de investimento internacional Matlin Patterson, por US$ 100 milhões. O negócio será avaliado amanhã (2) por representantes da Fundação Ruben Berta, durante reunião do Conselho da Varig.
A VarigLog, explicou Fontes, é uma empresa lucrativa, responsável pelo transporte de mercadorias nos porões da Varig, mas está ligada de forma quase "umbilical" à holding. "O fato de uma empresa estrangeira (no caso a Matlin Patterson), acostumada a ganhar dinheiro e avaliar riscos, enxergar nessa operação de compra da VarigLog uma operação de sucesso, é porque está acreditando que a Varig pode se recuperar", afirmou.
Fontes explicou ainda que como o fluxo de caixa é baixo – isto é, a diferença entre os pagamentos efetuados e ganhos auferidos é grande –, torna-se necessária a venda de um ativo para poder honrar os pagamentos e a partir daí desenvolver um plano de vida nova. E lembrou que a decisão da Justiça norte-americana de afastar, por mais 20 dias, a ameaça de apreensão dos aviões da Varig pelos credores da International Lease Finance Corporation (ILFC) dá novo fôlego à empresa para brasileira para encontrar outra solução.