Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Tabatinga - A mesorregião do Alto Solimões, uma área de 200 mil quilômetros quadrados onde vivem 190 mil habitantes, terá o primeiro Consórcio Social para a Juventude Indígena do Brasil. Nas capitais, onde o programa já é desenvolvido, jovens de 16 a 24 anos recebem orientação pessoal e reforço escolar durante seis meses, na disputa por uma vaga no mercado de trabalho, além quatro parcelas mensais de R$ 150. Em contrapartida, prestam serviços comunitários.
"Sabemos que aqui dificilmente vamos encontrar oportunidades de trabalho formal, com raríssimas exceções. Então o foco desse consórcio será no sentido de fomentar as experiências empreendedoras. Não vamos chegar com nada pronto, o projeto será discutido e executado pelas organizações indígenas", explicou Jorge Guimarães, delegado regional do Trabalho no Amazonas.
Segundo ele, o Alto Solimões será contemplado porque é uma região prioritária definida pelo Ministério da Integração Nacional, já que são municípios com baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), e porque abriga uma grande população indígena. Segundo a Organização Geral dos Professores Ticuna Bilíngües (OGPTB), existem no Brasil 50 mil indígenas dessa etnia, concentrados todos naquela. Ela abrange nove municípios do Amazonas e faz fronteira com a Colômbia e o Peru.
O Ministério do Trabalho e Emprego dispõe de R$ 2 milhões para a construção de um centro para a juventude e o oferecimento de cursos de qualificação profissional a 500 jovens indígenas do Alto Solimões. Segundo Jorge Guimarães, o consórcio deverá começar a funcionar em três meses.
Tanto Jorge quanto Cristiane citaram a ocorrência de suicídios entre os jovens indígenas do Alto Solimões como indício de que essa população está sem perspectivas. "Realmente é verdade. O suicídio acontece por o jovem estar drogado, sem apoio das instituições federais", comentou Afonso Fideli, da etnia Ticuna, morador da comunidade Umariaçu, em Tabatinga.
Os três estão reunidos no município para participar do "Seminário Políticas Públicas para a Calha do Amazonas/Solimões", promovido pelo Projeto Manejo dos Recursos Naturais da Várzea (ProVárzea/Ibama), que faz parte do Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e financiado pela cooperação internacional.