Comunidades tradicionais defendem adoção de políticas públicas específicas para cada grupo

19/08/2005 - 16h08

Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Representantes de grupos tradicionais, como quilombolas, ciganos e extrativistas, que participaram do 1º Encontro Nacional de Comunidades Tradicionais, defendem a necessidade de adoção de políticas públicas que possam atender às diferentes demandas de cada um deles.
Ao lado da propriedade da terra, o acesso a recursos naturais foi um dos principais temas em discussão no evento, que está sendo realizado em Luziânia (GO).

Um exemplo é a demanda das quebradeiras de coco. Segundo Maria de Jesus, quebradeira de coco que faz parte da Associação de Assentados do Maranhão, os babaçus estão sendo derrubados pelo avanço da pecuária, o que ameaça o sustento de diversas famílias. No Encontro de Comunidades Tradicionais, Maria de Jesus lembrou que é preciso evitar a derrubada dos babaçus. "Começamos a discutir como poderíamos defender o nosso babaçu, porque é nossa profissão, é de onde tiramos parte do nosso sustento", disse ela.

Segundo ela, do babaçu, que é a matéria-prima do trabalho de diversas mulheres maranhenses, nada se perde. "O babaçu a gente espera nove meses para poder cair. Quando cai, a gente junta, quebra e aproveita tudo. Desde a palha, para cobrir nossas casas, até a casca, para fazer o carvão. A amêndoa, que a gente vende e tira o óleo; o mesocarpo, que é rico em proteína, e a gente tira a massa para fazer o mingau e para a alimentação da criança que está desnutrida".

As dicussões do 1º Encontro Nacional de Comunidades Tradicionais servirão de base para a elaboração de diretrizes para uma proposta de Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável das Comunidades Tradicionais. O encontro, que foi aberto quarta-feira (17), termina hoje (19).