Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Tabatinga (AM) – O Sistema de Comunicação Pública da Mesorregião do Alto Solimões vai permitir que aproximadamente 190 mil habitantes, de uma área de 200 mil quilômetros quadrados, recebam notícias brasileiras e também produzam informação local. Hoje eles sintonizam bem apenas emissoras peruanas e colombianas (a região é de fronteira).
A Rádio Nacional de Tabatinga ainda funciona, mas em condições precárias de operação e com sinal fraco. "Quando a Rádio Mesorregional começar a operar, a Rádio Nacional será extinta. Seu prédio vai ser reformado para servir como sede ao Fórum de Desenvolvimento e ao Consórcio Intermunicipal", informou a diretora da Rádio Nacional da Amazônia, Taís Ladeira. Ela coordena o treinamento em Jornalismo que profissionais da Radiobrás estão dando para 45 representantes dos nove municípios da Mesorregião do Alto Solimões, no Amazonas.
O sistema é um projeto desenvolvido pela Radiobrás em parceria com o Ministério da Integração Nacional, o Fórum de Desenvolvimento Integrado e Sustentável da Mesorregião do Alto Solimões, o Consórcio Intermunicipal da Mesorregião do Alto Solimões e o governo do Amazonas.
De acordo com a diretora-geral das emissoras de rádio da Radiobrás, Márcia Detoni, responsável pela oficina de Jornalismo, os participantes não têm modelos para seguir, não convivem com outras experiências de radiojornalismo, conhecem apenas o potencial de entretenimento do rádio, a partir das rádios peruanas e colombianas. "Queremos passar noções de jornalismo com foco no cidadão, justo, honesto, preciso, digno, que leve em conta os interesses da comunidade. Quando as rádios forem criadas, seus funcionários também serão capacitados", revelou.
"A rádio vai unir a comunidade. Vai despertar o que já existe de melhor lá: o desenvolvimento da comunidade nas suas questões culturais, de raízes, das etnias. A questão da economia, a organização em si desse povo", afirmou José Odri de Araújo, que está sendo capacitado como representante da prefeitura de Benjamin Constant. A cidade não dispõe de rádios nem jornais e a comunicação pública é feita principalmente por meio de um amplificador (a chamada boca-de-ferro) localizado no porto municipal.
"Com a preparação que estamos tendo aqui, seremos atores e gestores desse trabalho de uma maneira mais organizada, mais preparada, mais consciente do papel que a gente tem que desenvolver na nossa região, através da rádio", defendeu.
Edimária de Souza participa das oficinas como representante da Pastoral da Criança, de Atalaia do Norte. Ela contou que uma das grandes dificuldades do trabalho da entidade na região é atingir as comunidades ribeirinhas que vivem em locais de difícil acesso. "A rádio será uma grande vitória, porque a informação que a Pastoral passa para a sede do município, poderá passar também para as comunidades, ao mesmo tempo, sem precisar se deslocar tanto", afirmou.
Em seis municípios, o conselho gestor da rádio FM educativa já tomou posse – o primeiro foi Fonte Boa, no dia 1º de agosto. No sábado será a vez de Benjamin Constant; no domingo, de Atalaia do Norte; na segunda-feira, de Tabatinga. Cada conselho é composto por dez pessoas, metade da sociedade civil e metade do poder público (três da prefeitura, uma da Câmara Municipal e uma de um órgão estadual ou federal com atuação na cidade).