Em depoimento ao povo brasileiro, Lula diz que foi traído e pede desculpas

12/08/2005 - 13h18

Benedito Mendonça, Juliana Andrade,
Keite Camacho e Priscilla Mazenotti
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em pronunciamento à nação antes de iniciar a 11ª reunião ministerial de seu mandato, disse que se sente traído e indignado com a atual situação vivida pelo País. "Quero dizer com toda franqueza: eu me sinto traído por práticas inaceitáveis, das quais nunca tive conhecimento. Estou indignado com as revelações que aparecem a cada dia e que chocam o País", afirmou o presidente.

Lula disse que não tem vergonha de dizer ao povo brasileiro que o PT e o governo têm de pedir desculpas pelos erros. "O PT tem que pedir desculpas. O governo, onde errou, tem que pedir desculpas, porque o povo brasileiro, que tem esperança, que acredita no Brasil, e que sonha com o Brasil, com uma economia forte, com crescimento econômico e distribuição de renda, não pode, em momento algum, estar satisfeito com a situação que o nosso país está vivendo", disse.

Lula pediu ainda à população que não perca as esperanças. "Sei que vocês estão indignados e eu, certamente, estou tão ou mais indignado que qualquer brasileiro. Nós iremos conseguir fazer com que o Brasil consiga continuar andando para a frente, marchando para o desenvolvimento, para o crescimento da riqueza e para a distribuição de renda. Tenho certeza que posso contar com o povo brasileiro", discursou.

Lula afirmou que, se tivesse ao seu alcance, já teria identificado e punido os responsáveis pela situação vivida pelo País: "Por ser o primeiro mandatário dessa nação, tenho o dever de zelar pelo estado de direito".

O presidente Lula lembrou os tempos da criação do Partido dos Trabalhadores. "Em 1980, no início da redemocratização, decidi criar um partido novo, que viesse para mudar as práticas políticas, moralizá-las e tornar cada vez mais limpa a disputa eleitoral no nosso país. Ajudei a criar esse partido, e vocês sabem, perdi três eleições presidenciais e ganhei a quarta, mantendo-me sempre fiel a esses ideais. Tão fiel quanto sou hoje".

Lula lembrou que é obrigação do governo, da oposição, dos empresários, dos trabalhadores e de toda a sociedade não permitir que a crise política atinja a economia brasileira e a geração de empregos ou prejudique a continuidade dos programas sociais. "Temos que arregaçar as mangas e redobrar esforços".

O presidente Lula destacou os índices econômicos brasileiros e afirmou que o governo conseguiu criar um ambiente favorável para a volta dos investimentos. "Em 30 meses já criamos 3 milhões e 135 mil novos empregos com carteira assinada", disse ele, explicando que "isso significa 104 mil novas vagas formais por mês. Doze vezes mais do que média dos anos 90. Sem falar dos postos de trabalho no mercado informal e na agricultura familiar".

O presidente Lula coordena a partir de agora a primeira reunião ministerial com a nova equipe de ministros. Esta é a terceira reunião ministerial do ano e a 11ª desde o início do atual governo. Durante a reunião, que prossegue até às 19h, deve ser feito um balanço das atividades realizadas pelo governo e discutidas metas para os próximos meses.