Valério diz que "levou cano'' de R$ 9 milhões do PSDB em 1998

09/08/2005 - 18h01

Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O publicitário Marcos Valério, que depõe hoje (09) na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga denúncias de compra de votos no Congresso Nacional (CPI da Compra de Votos), afirmou que "levou um cano" de R$ 9 milhões do PSDB em 1998. Segundo ele, a dívida contraída pela campanha do então candidato a governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo, foi de R$ 11 milhões.

Valério narrou que teria recebido como pagamento apenas R$ 2 milhões, o que resultaria, então, na dívida de R$ 9 milhões. Azeredo atualmente é senador e presidente nacional do PSDB. Questionado sobre os motivos que o levaram a não cobrar a dívida do PSDB, o publicitário afirmou: "Vamos ser sinceros, eu não ia brigar com o governo federal na época". Em 1998, o presidente da República era Fernando Henrique Cardoso, do PSDB.

Os empréstimos, segundo Valério, teriam sido negociados com o atual vice-governador de Minas Gerais, Clésio Andrade, que à época presidia o PFL mineiro e era candidato a vice na chapa de Azeredo. Andrade é ex-sócio do publicitário e ele afirma que seria essa a razão para ter realizado os empréstimos. Valério não detalhou a origem dos recursos que foram repassados à campanha de Azeredo.

Por meio de sua assessoria de imprensa, o presidente do PSDB afirmou que não vai comentar as novas declarações, porque já as teria esclarecido em sua defesa voluntária entregue à CPI dos Correios no dia 2 de agosto. Na ocasião, Azeredo admitiu que seu tesoureiro, Cláudio Mourão, não declarou todos os recursos para as campanhas para deputados na chapa majoritária.

Segundo o senador, Mourão pediu apoio financeiro da SMP&B, empresa de Valério, a candidatos a deputado. Ele não teria incluído as despesas na conta da campanha majoritária (de Eduardo Azeredo) por entender que as contas deveriam ser prestadas pelos parlamentares.