ONG e Roberto Jefferson têm visões diferentes sobre reforma política

09/08/2005 - 18h13

Arthur Braga
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – O presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Guilherme Afif Domingos, considerou hoje (9) positivo o debate realizado na sede da entidade. "Temos que fazer mudanças urgentes, ou teremos os mesmos problemas que estamos vivendo agora", defende Afif A ACSP realizou ontem o primeiro de uma série de encontros para debater o sistema político brasileiro.

O diretor-executivo da organização não-governamental Transparência Brasil, Cláudio Abramo, defendeu que as investigações que apuram o suposto esquema do "mensalão" devem ser direcionadas para descobrir o que classificou de "duas pontas", ou seja, o caminho do dinheiro, de onde saiu e com quem ficou. "Quem recebeu dinheiro, e disse que usou para pagar dívidas de campanha deveria ser obrigado a mostrar quais fornecedores foram pagos", afirma o diretor da organização não-governamental (ONG), que apóia o financiamento público de campanha.

Cláudio Abramo participou do evento que discutiu a reforma política no Brasil. Ele afirmou que o país "não quer as práticas políticas" que estão sendo divulgadas com as denúncias do "mensalão". Segundo o diretor da ONG, a corrupção "desgasta" a capacidade do Estado distribuir riqueza."A corrupção faz com que o Estado funcione pior e com isso a sociedade funciona pior".

Ele acrescentou que "as pressões da corrupção corrompem o ambiente político", mas ponderou que isso é uma conseqüência e não a causa. "Não é a corrupção do sistema político que causa a robalheira no Estado. A corrupção é derivada de interesse econômico, que corrompe a vida política", acrescentando que "quem dá dinheiro tem interesses. Ninguém dá dinheiro para não cobrar depois".

O deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), disse durante o evento que é contra o financiamento público para campanha eleitoral. Segundo ele, quem defende a idéia estima que cerca de R$ 1 bilhão serão utilizados, mas questionou aos presentes no encontro: "os senhores acham mesmo que vai ficar só em um bilhão de reais o financiamento, ou vai passar para quatro, ou vai passar para cinco?. Na sua avaliação o financiamento público não vai impedir o uso de dinheiro do setor privado e nem iria inibir o caixa dois. "Iria tornar o caixa dois mais forte ainda.Ninguém iria doar por dentro. E todos doariam por fora".

O deputado Jefferson, principal acusador do suposto esquema do mensalão que teria ocorrido no Congresso Nacional, entende que é necessário discutir a fidelidade partidária e se colocou como exemplo: "eu sou o exemplo vivo de que nunca troquei de partido, seis mandatos consecutivos no PTB". Ele ressaltou que dos 513 deputados federais, 261 trocaram de legenda no atual governo.