Avaliação é que 86% dos moradores de rua voltam para suas famílias, indica projeto

09/08/2005 - 20h26

Cristina Índio do Brasil
Repórter da Agência Brasil

Rio – O acompanhamento feito pela Rede Rio Criança verificou que 86% das pessoas atendidas pelo projeto voltaram para as famílias. Segundo diagnóstico do projeto, "é possível fortalecer os laços familiares e promover o exercício da cidadania de quem, durante algum tempo, trocou sua casa pelas ruas".

"Normalmente, há uma grande divulgação da causa do problema. Nós queremos mostrar que é possível apresentar resultado, e que se as políticas públicas tentassem reforçar um pouco mais o trabalho com as famílias talvez a gente conseguisse mais resultados", disse a diretora executiva da Associação Brasileira Terra dos Homens, Cláudia Cabral.

Um outro caso acompanhado pelo projeto – e incluído no livro "Minha Vida Mudou - Reintegração Familiar de Crianças e Adolescentes" – é o do mineiro Antônio Francisco de Meneses. Depois de ter se mudado para o Rio, ele ficou viúvo. Ele já era pai. Antônio trabalhava como caseiro, quando perdeu o emprego. Sem lugar para morar, foi para a rua com o filho Éverton.

Depois de quase um mês acabou em um abrigo, contudo, separado da criança. A ação do projeto permitiu que Antônio se empregasse e voltasse a morar com o filho, hoje com 12 anos.

Para Antônio, a rotina de acumular as funções de pai e mãe de Éverton não o incomoda. "Me acostumei porque faço as duas coisas para ele. E vou levando a minha vida até quando Deus me deixar aqui na Terra, mas quero que Deus me deixe ver ele formado", afirmou ele.

O projeto verificou ainda que a reintegração às famílias se torna mais fácil quando há também a integração de outras pessoas da comunidade. Um bom exemplo dessa participação é o acompanhamento das crianças e adolescentes por vizinhos enquanto os pais estão trabalhando. "A gente precisa voltar a investir no ser humano e acreditar que as respostas vêm do próprio local onde as pessoas vivem", opina a coordenadora da Pastoral do Menor, Regina Leão.

"Quem vivencia reconhece aquilo que vivencia. Por isso que, no nosso trabalho, as lideranças comunitárias, mulheres ou homens que se mobilizam pelas histórias da comunidade, é que são os agentes de inclusão. A gente os chama de nosso exército invisível."