Indústria automobilística fecha primeiro semestre em alta, mas perde fôlego

04/08/2005 - 17h45

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – O ritmo de crescimento da indústria automobilística perdeu impulso em julho, contrariando a tendência de alta neste período. Pela primeira vez no ano, o setor recuou em produção, vendas e exportações, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) No balanço do semestre, porém, houve crescimento em relação a 2004 – apenas produção e vendas internas de máquinas agrícolas caíram. "Ainda não estamos em processo de queda, estamos em processo de desaceleração na taxa de crescimento", afirmou o presidente da Anfavea, Rogelio Golfarb.

Em julho, as vendas de carros nacionais e importados encolheram 6,6% no mercado interno e 7,8% no mercado externo, resultando em aumento dos estoques na indústria e nas concessionárias. A queda na produção foi de 6,3% na comparação com junho, com um total de 202,4 mil automóveis fabricados no país. No acumulado de janeiro a julho, foram produzidos 1,4 milhão de carros, 14,5% a mais que os 1,23 milhão fabricados no primeiro semestre de 2004. Foram licenciados 938,9 mil veículos novos nacionais e importados, e exportadas 464.667 unidades, o que representa crescimento de 9,6% e 36,2%, respectivamente, em relação ao ano passado. Destaque para o segmento de ônibus (chassis), que registrou um aumento de 85,5% nas vendas externas de janeiro a julho. As exportações de caminhões cresceram 25,3% no semestre.

O segmento de máquinas agrícolas, porém, vem acumulando quedas. Em julho, foram produzidas 5,1 mil unidades, 6,8% a menos do que no mês anterior. As vendas internas somaram 2 mil unidades, uma redução de 8,5% frente a junho. As exportações caíram19,1%, totalizando 2,7 mil unidades. No acumulado dos primeiros seis meses de 2005, o recuo na produção foi de 13,8%, com total de 34,35 mil unidades fabricadas no país. A queda acumulada nas vendas internas de máquinas agrícolas nacionais e importadas foi de 36,3% - apenas a comercialização de colheitadeiras no mercado doméstico caiu 72,4% em relação ao primeiro semestre de 2004. Já as exportações encolheram 13% de janeiro a julho deste ano.

O presidente da Anfavea, porém, não arrisca apontar as causas da desaceleração do setor. Diz, apenas, que os números não surpreendem a indústria nacional. "Já esperávamos um arrefecimento do crescimento devido ao cenário de taxas de juros e câmbio", revelou. "Não dá para debitar na conta da crise política", afirmou. Golfarb destacou que, apesar do desaquecimento, o setor abriu 2.607 novas vagas em julho, o que, segundo Rogelio Golfarb, faz a indústria automotiva manter uma média de 1000 novos empregos por mês. O total de trabalhadores no setor chegou a 107.685 em julho – 2,5% a mais que no mês anterior e 11,2% acima do número de empregados em julho de 2004. "A cadeia automotiva vem desempenhando um papel muito importante, vem crescendo e contratando", avaliou.

Quanto a estimativas, Rogelio Golfarb disse que prefere aguardar mais um pouco para rever as projeções anuais da Anfavea. "Nossas projeções de produção e exportações estão ultrapassadas", disse. O setor previa, para 2005, crescimento de 5,4% na produção de automóveis e de 7% nas vendas externas totais (automóveis e máquinas agrícolas). Quanto às vendas no mercado interno, afirmou: "Se mantivermos o crescimento de julho, é possível manter a projeção e terminar o ano com crescimento de 4% e 1,64 milhão de unidades vendidas. Em 2004, foram comercializados 1,57 milhão de carros no mercado doméstico. As vendas internas de máquinas agrícolas totalizaram 37,79 mil unidades. A previsão da Anfavea, ainda não atualizada, era de queda de 20% em 2005.