Spensy Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O Ministério do Desenvolvimento Agrário espera que o cultivo da mamona associado à produção de biodiesel gere uma renda adicional de quase R$ 500 milhões a 200 mil famílias de agricultores familiares do semi-árido nordestino. Para cada família, seriam R$ 200 mensais – mais que o triplo do que é atualmente pago pelo Bolsa Família em média (R$ 63, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social).
Além disso, a expectativa do MDA é que, em toda a região Nordeste, o projeto viabilizará até 2008 a manutenção ou a criação de 400 mil postos de trabalho. "A capacidade de um pequeno agricultor familiar produzir renda monetária no semi-árido é muito limitada hoje. E a cadeia da mamona e do biodiesel é intensiva no uso de trabalho", destaca Arnoldo de Campos, coordenador de Geração de Renda e Agregação de Valor no MDA.
Ele explica que a vantagem da mamona é que ela pode ser plantada em consórcio com as culturas de subsistência normalmente cultivadas na região, principalmente o feijão. A colheita da mamona é realizada a partir do mês de junho, já na época da seca na região, quando culturas como o milho e o feijão já tiveram completado seu ciclo, que é mais curto. "O programa não é feito para o produtor viver apenas de mamona. É uma opção a mais que se oferece para a região. No caso da mamona, a restrição de água é inclusive favorável ao seu cultivo", diz Campos.
A empresa Brasil Ecodiesel, cuja usina em Floriano (PI), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugura hoje (4), é um exemplo. Dados os níveis de produtividade atuais, o contrato com a empresa garante uma renda mensal às famílias de agricultores que pode chegar a R$ 150 mensais. Para a região, o preço mínimo atual da mamona é de R$ 0,55 a 0,60 o kilograma do grão – o preço já chegou a R$ 1 e, em certas regiões, pode chegar a menos de R$ 0,50. Conforme o nível técnico utilizado, a produtividade varia entre 500 kg a 1200 kg por hectare a cada ano - a empresa espera, no futuro, chegar a 1800 kg. O MDA avalia que as propriedades familiares da região terão disponíveis dois a três hectares para a cultura.
Segundo essas estimativas, mesmo que plante em apenas dois hectares e produza o mínimo esperado, com o preço mais baixo atualmente possível, o agricultor terá garantido uma renda adicional de R$ 550. Mas, a expectativa do Ministério do Desenvolvimento Agrário é que, com apoio técnico para aumentar a produtividade média até 1000 kg na região, se chegue a R$ 2400 de renda anual por família com a mamona.
Para garantir esse ganho de produtividade, Campos explica que o MDA está aliado à Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), e atuando por meio do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar). "Na próxima safra, muitos agricultores já estarão produzindo a mamona com a semente da Embrapa. E a idéia é que o Pronaf financie operações como a adubação e a correção do solo, já que os agricultores estão firmando contratos de fornecimento com as empresas".