Cristiane Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Rio - Após mais de uma hora de reunião, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega, e a governadora do Rio de Janeiro Rosinha Matheus não chegaram a um acordo sobre a retomada do financiamento das obras de expansão da Linha 1 do metrô, até a estação Cantagalo, em Copacabana.
Apesar de afirmar que "o banco tem total interesse em viabilizar recursos para o metrô do Rio de Janeiro e de reconhecer a importância social da obra", Mantega reiterou que o financiamento só será liberado quando o governo do estado tratar do reescalonamento de uma dívida de R$ 847,5 milhões, aprovado em 2003.
"O acordo não foi reconhecido pelo Tesouro Nacional e o estado continuou inscrito no Cadip (Cadastro de Controle de Crédito do Setor Público) do Banco Central. Então, é preciso seguir o rito legal, que é tirar o estado do Cadip, fazer a reestruturação da dívida com o aval do Tesouro Nacional e do Ministério da Fazenda, e, então o BNDES voltará a liberar os recursos", disse Mantega.
Para tirar o estado do Cadip, Mantega propôs a Rosinha Matheus que o estado pague uma parcela extra no valor de R$ 34 milhões. O dinheiro seria somado aos cerca de R$ 260 milhões já pagos pelo governo, desde novembro de 2003.
A governadora disse que a questão é política e que não aceita fazer um novo pacto. "Há 20 meses estou pagando a renegociação rigorosamente em dia. Disse ao presidente do BNDES que, na minha interpretação, essa é uma questão política e eu não posso me calar e fazer com que o estado se perca mais uma vez e prejudicar a obra do metrô".
Rosinha Matheus não apresentou contraproposta ao BNDES e afirmou que, se até esta sexta-feira (5) o banco não apresentar uma alternativa, o governo deverá entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a liberação das parcelas do empréstimo, de R$ 193 milhões, que estão suspensas desde janeiro deste ano.
As obras de expansão do metrô estão sendo feitas pela construtora Norberto Odebrecht. Com o impasse entre o BNDES e o governo do Estado, a construtora está há sete meses sem receber e ameaça paralisar as obras, cuja conclusão estava prevista para março de 2006.