Plano Safra deve beneficiar 2 milhões de famílias

03/08/2005 - 8h01

Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) deverá beneficiar nesta safra 2005-2006 cerca de 2 milhões de famílias. O projeto, que também é conhecido como Plano Safra, receberá um investimento total de R$ 9 bilhões do governo federal, segundo informações do Ministério do Desenvolvimento Agrário.

De acordo com o coordenador geral de Financiamento à Produção Rural do Ministério do Desenvolvimento Agrário, João Luiz Guadagnin, o plano deste ano traz novidades, como a ampliação do crédito aos agricultores familiares assentados dos projetos de reforma agrária do governo. O financiamento a esses trabalhadores pode chegar a R$ 18 mil nesta safra.

"O crédito para os agricultores assentados terá mais lógica, terá uma grande possibilidade de dar certo. Antes, o agricultor familiar tomava um volume de recursos muito pequeno para o investimento. Então nós elevamos de 15 mil para 18 mil reais por família", diz.

Outro ponto a ser destacado do plano 2005-2006, segundo o coordenador, é o novo sistema de financiamento aos produtores familiares que plantam oleaginosas (plantas que contêm óleo) e que podem ser usadas na fabricação do biodiesel. Esses agricultores poderão tomar empréstimo para a produção destinada ao biodiesel concomitante aos financiamentos destinados às culturas tradicionais.

"Antes, o agricultor tomava crédito para biodiesel e ficava sem crédito para as outras atividades. Todos os agricultores que cultivam qualquer oleaginosa destinada ao biodiesel podem contratar, além dos créditos para as culturas tradicionais, como o arroz, o feijão e o milho, ele também pode contratar agora crédito para o biodiesel. Um crédito não concorre mais com o outro", explica.

Segundo estudo realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) em 2003, a participação da agricultura familiar no Brasil corresponde a 10,1% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, o que equivale a cerca de R$ 156 bilhões.

A pesquisa também mostra que os estabelecimentos familiares foram responsáveis por quase 38% do valor bruto da produção agropecuária nacional, mesmo que dispondo apenas 30% da área de plantação. Também é indicado que, apesar de a área média dos estabelecimentos patronais ser quase 17 vezes maior que a dos familiares, a renda total por hectare/ano nos imóveis onde predomina o trabalho familiar foi aproximadamente 2,4 vezes maior que a dos demais.