Negociações da OMC têm prioridade em relação à Alca, diz Amorim

03/08/2005 - 17h36

Cristina Índio do Brasil
Repórter da Agência Brasil

Rio – As negociações no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) ficam em primeiro plano em relação à Área de Livre Comércio das Américas (Alca), para Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores. Amorim participou da abertura do Seminário sobre Desenvolvimento Econômico com Equidade Social, uma iniciativa do Fórum de Diálogo Índia, Brasil e África do Sul.

O ministro brasileiro disse esperar que entre em prática a declaração do secretário do Tesouro norte-americano, John Snow, de que a aprovação do Acordo dos Estados Unidos com países da América Central (Cafta) nesta semana facilitará as negociações para a Alca.

"Que se traduza na prática, porque se para um percentual tão pequeno de exportação, como é o do Cafta, houve tanta dificuldade de aprovação no Congresso, com apenas dois votos a favor na Câmara, eu imagino com a produtividade brasileira e com outros países do Mercosul, como será?", indagou.

Para o ministro, é preciso colocar a Alca de novo nos "trilhos" e para isso é necessário estabelecer um programa. Amorim defendeu que atualmente a prioridade no mundo têm sido as discussões na OMC. "Sem negar a importância da Alca, nós todos estamos concentrados na OMC, porque sem saber o que vai haver em matéria de subsídios agrícolas, o que vai ser eliminado, qual será o grau de diminuição da proteção em agricultura, fica até difícil de conversar sobre Alca, porque fica difícil saber o que vai pedir", afirmou.

O fato de a aprovação do Cafta ter sido por margem pequena de votos, segundo Amorim, não deverá enfraquecer os Estados Unidos na OMC, onde "a teia de interesses é mais complexa". Por isso mesmo, acrescentou, "talvez a administração americana possa mostrar que tem mais a ganhar, então poderá fazer também mais concessões. Certamente é mais do que um acordo puramente regional. Para nós, temas centrais como subsídios agrícolas e antidumping só podem ser discutidos na OMC. Não que não queiramos discutir em outros fóruns, mas são eles que nos dizem que não querem discutir nos fóruns. Então vamos dar prioridade aos fóruns onde podemos obter o que achamos mais importante", disse.