Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio - As reservas do mercado segurador brasileiro devem apresentar crescimento de cerca de 20% em 2005, alcançando R$ 140 bilhões. A estimativa é do presidente da Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização (Fenaseg), João Elísio Ferraz de Campos.
João Elísio argumentou que em comparação a países desenvolvidos que têm um PIB de reservas de seguros, o Brasil ainda apresenta um grande potencial para crescer. "Era para nós termos hoje reservas da ordem de U$ 600 bilhões", expressou. Apesar da distância ainda existente entre as reservas e o PIB nacional, o presidente da Fenaseg avaliou que "mesmo assim, R$ 140 bilhões é um bom número" comparado ao de países assemelhados ao Brasil.
O presidente da Fenaseg assegurou que o setor de seguros tem feito a sua parte, no sentido de contribuir para o desenvolvimento do país. Apontou, entretanto, a necessidade de se resolverem questões no âmbito institucional que poderiam "até, corrigir algumas distorções de nosso processo econômico". Entre elas priorizou a questão do resseguro. Nesse campo, lembrou que está tramitando no Congresso um projeto-de-lei do governo federal que permitirá a efetiva quebra do monopólio do resseguro, buscada há pelo menos 15 anos pelo mercado.
João Elísio Ferraz de Campos definiu o resseguro como um negócio "específico e técnico", acrescentando que "não tem necessidade nenhuma, não se explica em lugar nenhum, que o governo tenha que ter uma empresa de resseguros (referindo-se ao antigo Instituto de Resseguros do Brasil-IRB". Isso se justificava há 60 anos, quando havia a necessidade de se colocar as reservas do país no exterior, explicou o presidente da Fenaseg. Destacou ainda que o governo Lula "teve a clarividência de mandar para o legislativo o projeto de abertura desse mercado".
Precisam também ser revistas em seus dispositivos legais as questões da saúde suplementar, englobando planos e seguros-saúde, e do seguro de acidentes do trabalho, "para que os trabalhadores tenham de fato a proteção de um seguro em seu conceito mais amplo. O monopólio estatal não cumpre essa função", afirmou Ferraz de Campos. Indicou que "o Brasil é o campeão de acidentes de trabalho do mundo porque a tarifa não diferencia praticamente um escritório de advocacia de uma fábrica de pólvora".
O presidente da Fenaseg destacou ainda a importância do seguro de vida e a previdência privada para o futuro do país porque combinam dois fatores "extremamente positivos, que são a proteção social generalizada e poupança convertida em investimentos geradores de trabalho e renda". Ele defendeu a realização de um trabalho de informação junto à população para que entenda o que é e como funciona o mercado de seguros no Brasil. Para tanto, a Fenaseg contratou uma empresa especializada que está elaborando um programa de massificação do seguro.