Número de pescadores do Pará e do Amazonas supera o apontado pelo IBGE, revela pesquisa

31/07/2005 - 8h25

Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil

Parintins (AM) - A pesquisa Setor Pesqueiro: Análise da situação atual e tendências do desenvolvimento da indústria da pesca, realizada pelo projeto Manejo dos Recursos Naturais da Várzea (PróVárzea/Ibama) revelou que o setor pesqueiro gera 155.042 empregos por ano na calha dos rios Amazonas/Solimões. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam apenas 17.742 empregos no setor da pesca no Amazonas e no Pará. "A diferença se explica porque o IBGE trabalha somente com a parte industrial da pesca, enquanto nós pesquisamos também a atividade artesanal", informou Maria Clara Forsberg, gerente de Estudos Estratégicos do PróVárzea/Ibama.

Segundo a pesquisa, 72% dos pescadores dos dois estados praticam a atividade voltada principalmente para a subsistência, embora a comercialização do pescado muitas vezes represente a única fonte de renda dos ribeirinhos. Ainda de acordo com o estudo, 60% do pescado na região destinam-se ao auto-consumo. Na várzea dos dois rios, uma área de 300 mil quilômetros quadrados, vivem cerca de 1,5 milhão de pessoas – cada uma delas consome, em média, entre 350 e 500 gramas de peixe por dia.

"Esses pescadores artesanais têm condições precárias de trabalho, são analfabetos e não possuem infra-estrutura para escoar e vender a produção. É preciso desenvolver políticas públicas para sanar esses problemas", apontou a pesquisadora.

Maria Clara está em Parintins coordenando o seminário Políticas Públicas para a Calha do Solimões/Amazonas, promovido pelo PróVárzea, um subprograma do Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e executado com verba da cooperação internacional.