Mercado financeiro secundário é mais atrativo para pequenos investidores, avalia associação

28/07/2005 - 5h57

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio – "Há um mercado comprador muito expressivo de debêntures e o melhor dos mundos seria que essa demanda fosse o mais pulverizada possível e chegasse, por exemplo, ao investidor de médio porte ou até mesmo ao investidor de pequeno porte", afirma Luiz Macahyba, superintendente de Desenvolvimento da Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima). Debêntures são títulos de crédito ao portador emitidas em séries representativas de empréstimos amortizáveis.

Segundo ele, esses papéis "são em geral papéis de excelente qualidade, da Petrobras, da Vale do Rio Doce, possuem muito bom nível de crédito e quem compra não quer se desfazer deles".

Luiz Macahyba explicou que como uma emissão privada não tem esse mesmo nível de percepção, a rentabilidade de um papel emitido por uma empresa privada será maior do que a rentabilidade de um papel público. "Maior atrativo, certamente, é a possibilidade de você auferir rendimentos mais elevados", declarou.

Outro aspecto importante, na análise de Luiz Macahyba, é a oferta de papéis de boa qualidade. "Há uma demanda muito forte por papéis de boa qualidade. Em quase todos os casos, a demanda supera a oferta em duas ou três vezes".

Apesar da expansão de 41% registrada nas negociações de debêntures entre janeiro e a primeira quinzena de julho deste ano, Luiz Macahyba afirmou à Agência Brasil que o crescimento real desse mercado depende da resolução da questão tributária, "que tem sido sempre restritiva para a negociação nos mercados secundários, seja de título público ou privado".

Na verdade, a maior parte das pessoas que conseguem comprar esses papéis acaba sendo o que se chama de compradores finais, que levam o papel a vencimento, explicou o superintendente. Isso faz com que o mercado fique pouco dinâmico. Entre esses compradores, o superintendente da Andima destacou os fundos de pensão, fundos de investimento e seguradoras. Macahyba analisou que o aumento da oferta e uma tentativa de pulverização dessa oferta que alcançasse outros investidores seria um caminho para alavancar esse mercado secundário.

O superintendente da Andima defendeu também que haja uma simplificação de normas para atrair os investidores para a negociação das debêntures, consideradas hoje um instrumento complexo. "A simplificação é um fator que eu considero primordial para que o pequeno poupador possa se interessar por esse papel. A combinação ideal, a meu ver, seria a simplificação e ampliação das emissões por empresas que são consenso em termos de nível de risco de crédito, como Petrobrás e Vale do Rio Doce, que são conhecidas da população e oferecem baixo risco de inadimplência, de moratória".