Associação Piauiense de Hip Hop é um dos mais de 200 Pontos de Cultura

28/07/2005 - 5h56

Spensy Pimentel
Enviado especial

Teresina – A Associação Piauiense de Hip Hop é uma das 242 entidades do país que já fazem parte do programa Pontos de Cultura, do Ministério da Cultura. O programa visa apoiar com patrocínio e equipamentos associações ou grupos da sociedade civil que já desenvolvem atividades culturais especialmente junto a comunidades ou segmentos sociais carentes.

A atual sede da associação, num bairro pobre da periferia da capital do Piauí, também serve de palco para o 1o Encontro de Conhecimentos Livres dos Pontos de Cultura do Nordeste, evento que reúne representantes de 16 pontos de cultura da região, além de parte do Centro-Oeste e do Sudeste, em torno de oficinas de capacitação para o uso de equipamentos digitais e para atividades vinculadas a práticas culturais, como xilogravura, serigrafia e confecção de instrumentos musicais.

Segundo os coordenadores da associação, Gil BV, a sede foi constituída no ano passado, em um antigo prédio da Secretaria de Educação do estado, abandonado havia dez anos. Os jovens do movimento Hip Hop ocuparam o prédio até conseguir sua cessão. Agora, já com autorização oficial, permanecem no espaço e tentam ganhar o direito de utilizá-lo indefinidamente. O prédio outrora abandonado ganhou colorido dos grafites e a presença constante de cerca de 400 jovens que freqüentam oficinas de break (dança típica do Hip Hop), grafite (pintura com spray em muros e outros espaços), rap, DJ'ing (arte de fazer música com toca-discos de vinil), MC'ing (arte de cantar rap), serigrafia e karatê para crianças.

Grupos de música regional e de rap e outros gêneros de música negra também estão utilizando o espaço, que dispõe de estúdio de gravação e sala para ensaio. O equipamento de serigrafia é utilizado por ex-alunos do curso que montaram uma cooperativa. As salas de aula também servem para um curso pré-vestibular aos fins de semana. E a expectativa é a de que a freqüência aumente ainda mais com os cerca de 40 computadores reciclados que chegaram esta semana, doados pelo Banco do Brasil. Junto com a conexão via satélite à internet fornecida pelo programa Gesac, do Ministério das Comunicações, o equipamento vai formar um telecentro para atender toda a comunidade ao redor do centro.

Para sustentar todo esse aparato, os jovens do movimento Hip Hop, que se articulam politicamente em Teresina desde o final dos anos 80, contam com diversos apoios públicos e privados. Entre os parceiros privados estão a norte-americana Fundação Kellogs, a ong Fase, que tem suporte do grupo musical O Rappa, do Rio de Janeiro, e os alunos de uma faculdade particular local, ligados ao grupo internacional Sife (Students in Free Enterprise, presente em 40 países). Entre organismos públicos, há convênios com o governo piauiense e com o Ministério do Trabalho e Emprego (que já concedeu 85 bolsas-trabalho para jovens atendidos pela associação, através do Consórcio Social da juventude, um projeto dentro do Primeiro Emprego), além de, agora, os ministérios da Cultura e das Comunicações, com os programas Gesac e Pontos de Cultura. Uma Organização não-governamental francesa, chamada Acajuyê, também fornece material e já realizou intercâmbios de pessoal, levando jovens à França.