Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio – As negociações de compra e venda de debêntures no mercado secundário brasileiro cresceram 41% desde janeiro deste ano até a primeira quinzena de julho, em comparação a igual período do ano passado, totalizando R$ 10,5 bilhões.
De acordo com dados da Câmara de Custódia e Liquidação (Cetip), criada em 1986 pelas instituições financeiras em conjunto com o Banco Central e considerada hoje uma das maiores empresas de custódia e liquidação da América Latina, o volume mensal de negócios de debêntures evoluiu mais de 100% entre janeiro e junho de 2005. As negociações nesse período subiram de R$ 1,1 bilhão por mês, em janeiro, para R$ 2,4 bilhões em junho.
O superintendente de Desenvolvimento da Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima), Luiz Macahyba atribuiu o crescimento das negociações às mudanças recentes introduzidas na legislação da carteira de fundos, que estão fazendo com que os fundos de pensão se interessem por esses papéis mais longos, com possibilidade de venda antes do vencimento, na hipótese de necessidade de liquidez. "Isso de certa forma é uma das razões pela qual esse mercado deu uma dinamizada", avaliou.
A expectativa de Luiz Macahyba é de crescimento do mercado secundário de debêntures em torno de 40% este ano, "no mínimo". Debêntures são títulos de crédito ao portador emitidas em séries representativas de empréstimos amortizáveis.
Macahyba afirmou à Agência Brasil que "sem dúvida, o mercado de debêntures cresceu". Advertiu, porém, que esse crescimento tem uma base de comparação deprimida. "Quando você sai de um para dois, você cresce 100%. Mas você sai de uma base muito deprimida. É o caso desse mercado".
Segundo Macahyba, "a negociação de debêntures melhorou, mas ainda hoje a liquidez é muito baixa". Exemplificando, disse que os R$ 10 bilhões dão uma média de negociação diária de R$ 80 milhões. "Isso aí ainda é muito pouco", considerando que são "R$ 80 milhões por dia de um estoque de R$ 65 bilhões" desses papéis.