Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e do Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD) estão acampados desde o início da tarde de hoje na sede da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no Distrito Federal. Eles pretendem dormir no local. Pelos cálculos dos movimentos, há cerca de 350 pessoas no acampamento. Para a Embrapa, esse número não ultrapassa os 150.
Os acampados contam com o apoio da Federação dos Estudantes de Agronomia (Feab) para reivindicar o assentamento de 700 famílias dos movimentos rural e urbano em 660 dos 10,5 mil hectares da fazenda Sálvia, em Sobradinho (DF). Parte dessa fazenda, pertencente à União, é utilizada pela Embrapa para pesquisas. Desde quinta-feira (21), a área está ocupada por integrantes do MST e MTD.
Hoje, em reunião com o diretor-executivo da empresa, Geraldo Eugênio de França, os movimentos reivindicaram que fosse prorrogada a reintegração de posse da fazenda Sálvia, já determinada judicialmente. O MST e o MTD pediram ainda que a Embrapa faça a intermediação de um encontro entre os trabalhadores, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o órgão responsável pelos assentamentos no Distrito Federal.
De acordo com a assessoria da Embrapa, a empresa aceitou intermediar amanhã (26) a reunião com o Incra, desde que a sede e a fazenda em Sobradinho sejam desocupadas. Um dos líderes do MST no Distrito Federal, conhecido como Paraíba, afirmou que a condição apresentada pela Embrapa não foi aceita pelos trabalhadores, que resolveram permanecer na sede e na fazenda. "Queremos terra. E só vamos sair daqui quando conseguirmos que o governo cumpra o prometido", disse Paraíba.
A pauta de reivindicação dos sem-terra e desempregados do DF inclui, além da desapropriação da fazenda, a renegociação da dívida dos pequenos agricultores, crédito e recursos para financiar estágio para estudantes de agronomia nos assentamentos. Segundo a assessoria do MST, há quatro anos não ocorre assentamento de uma única família no Distrito Federal.
