MST protesta contra política econômica em frente à sede do BC no Rio

25/07/2005 - 16h16

Rio, 25/7/2005 (Agência Brasil - ABr) - Dezenas de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) fizeram hoje, Dia do Trabalhador Rural, um protesto em frente ao prédio do Banco Central, no centro do Rio, Com cartazes, bandeiras e panfletos, os manifestantes criticaram a política econômica do governo federal e pediram mais agilidade na reforma agrária.

Segundo Guilherme Gonzaga, dirigente do MST no estado, o protesto serviu para mostrar aos moradores da capital fluminense as dificuldades do povo do campo. "Enquanto não mudar a política econômica do governo federal, as políticas sociais, como a reforma agrária, a saúde e a educação para o povo, não vão andar", disse Gonzaga.

Um dos participantes do protesto foi Nelson Bernardes, de 53 anos, que mora com a mulher e a neta, há três meses, em um acampamento irregular, sem escolas ou postos de saúde, no município de Barra do Piraí, no sul fluminense. Nelson Bernardes conta que começou a trabalhar, ainda criança, com agricultura no interior de Minas Gerais, mas, nos anos 80, decidiu migrar para a cidade grande e trabalhar na indústria.

Sem sucesso e sem emprego, Nelson Bernardes voltou, alguns anos depois, ao campo. No acampamento onde vive, localizado em uma fazenda improdutiva, ele cultiva uma horta comunitária com mais 67 famílias.

"A dificuldade é você não ter espaço para trabalhar. Você não tem dinheiro para comprar, nem para alugar a terra, e o governo não libera a terra que está no latifúndio. Daí, o trabalhador tem que se organizar e ocupar as terras improdutivas. Para quem não se organiza, as opções são mínimas: se entregar ao biscate, ao trabalho eventual ou, para os mais jovens, à vida do crime. E as pessoas vão aos poucos perdendo as esperanças", afirmou.

Os manifestantes entregaram duas cartas aos funcionários do Banco Central no Rio, para que sejam encaminhadas à sede da instituição, em Brasília. Segundo o MST, existem mais de duas mil famílias vivendo em 19 acampamentos espalhados pelo estado do Rio de Janeiro.