Técnicos revêem dados sobre contas da empresa de Valério no Banco do Brasil

21/07/2005 - 19h34

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A constatação de um saque de R$ 9,7 milhões da conta da empresa de publicidade DNA, no Banco do Brasil, foi o que motivou o relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), a solicitar a presença de um técnico da instituição para ajudar na análise dos dados da quebra de sigilo bancário da empresa do publicitário Marcos Valério de Souza. "A soma (da movimentação financeira da DNA) estava assustadoramente subindo, com saques de valores não explicados, e quando chegou nesse valor imaginamos que era preciso uma explicação, porque poderia estar havendo alguma interpretação equivocada", disse o relator.

Segundo ele, o técnico do Banco do Brasil enviado à comissão disse que o fato de existir uma palavra "pague-se" escrita no cheque não significa necessariamente que o valor tenha sido sacado na boca do caixa. "Os documentos estão aí, o que o banco precisa é convincentemente mostrar à CPI (o que aconteceu). A CPI não vai aceitar algo que seja de praxe", afirmou o relator.

Serraglio ressaltou que existem outros cheques da DNA, de valores elevados, que chamaram a atenção dos técnicos da comissão. "Existem outros cheques de valores elevados, claro que não tanto, mas a soma já tinha ultrapassado o Banco Rural e não se falava tanto do Banco do Brasil", disse o relator.

De acordo com ele, o crescimento dessa movimentação financeira levantou a suspeita de que poderia estar acontecendo uma interpretação equivocada dos dados. "A última coisa que podemos fazer, numa situação como essa, é dar uma notícia não correta", acrescentou o deputado.

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) disse que, numa reunião com o presidente da CPMI, senador Delcídio Amaral (PT-MS) e o senador Heráclito Fortes (PFL-PI), os técnicos do Banco do Brasil se comprometeram a enviar a "fita do caixa" com todo o histórico da movimentação financeira da DNA: "de onde vieram e o destino dado aos recursos movimentados pela empresa", explicou Álvaro Dias.

Segundo ele, os técnicos disseram que "não entenderam" o pedido feito pela CPMI. Por isso, os documentos enviados mostram apenas a movimentação financeira da empresa sem identificar origem e destino do dinheiro. Por conta disso, os novos dados do Banco do Brasil serão enviados, agora, em partes para a comissão. A primeira, segundo o senador tucano, deve chegar já nesta sexta-feira.

Álvaro Dias disse que a conta da DNA apresenta 8 mil movimentações financeiras, o que demonstra a dificuldade da execução deste trabalho de compilação de todos os dados. Ele acrescentou que um só cheque emitido pela empresa de publicidade teve o seu valor transferido para 59 contas bancárias.