Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Nos primeiros seis meses deste ano, a Dívida Pública Mobiliária Federal Interna (DPMFi) cresceu em R$ 95,25 bilhões. O valor equivale a uma alta de 11,75% – mais do que os 10,77% de elevação durante todo o ano de 2004. No ano passado, a taxa média anual da Selic – taxa básica de juros – ficou abaixo de 17%. Este ano, a Selic está em 19,75%.
Em 2003, quando a taxa de juros atingiu pico de 26,5%, no mês de fevereiro, caindo gradativamente para 16,5% no final daquele ano, a dívida mobiliária cresceu 17,37%. Os números foram divulgados hoje (21) pelo coordenador de operações da dívida pública do Tesouro Nacional, Paulo Fontoura Valle.
O economista do Tesouro avalia, porém, que o aumento não é só resultado da manutenção da taxa de juro: "A taxa impacta, sem dúvida, na formação da dívida, mas outras variáveis também influenciam, como a redução de liquidez". Daí a necessidade de o governo emitir mais.
Essa emissão a mais também é explicada por ele como parte da estratégia do Tesouro, de vender mais títulos do que compra, porque "é sempre bom ter dinheiro em caixa, nos momentos de volatilidade, para fazer face aos pagamentos". Apesar disso, ele ressalta que a dívida vem caindo em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todas as riquezas produzidas no país.
No final do ano passado, a dívida líquida do setor público chegou a 57% do PIB, e hoje gira em torno de 48% (a estimativa do Banco Central só fechará na semana que vem). Mas, conforme admite, Paulo Valle, a relação dívida/PIB mantém a trajetória de queda e deve encerrar 2005 entre 50 e 51%, com dívida entre R$ 940 bilhões e R$ 1 trilhão.