Melina Fernandes
Da Agência Brasil
São Paulo - A indústria de transformação paulista registrou, pelo segundo mês consecutivo, desaceleração nas contratações. Em junho, foram criados 2.943 empregos, enquanto em maio o total foi de 7.428 e em abril, de 9.144. Em igual período do ano passado, a pesquisa Nível de Emprego Regional, realizada pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), registrou abertura de 12.666 vagas.
De acordo com a pesquisa divulgada hoje (21) pelo Ciesp, no acumulado do primeiro semestre de 2005, foram registradas 43.059 contratações – 14.987 a menos do que no mesmo período de 2004. Os melhores desempenhos foram os das regiões de São José do Rio Preto, com alta de 2,69% no nível de emprego graças aos setores de vestiário e mobiliário, e Piracicaba, com crescimento de 2,67% especialmente nas indústrias de alimentos e mecânica.
Os piores resultados foram registrados em Franca e Campinas, com quedas de 1,29% e 0,98% no nível de emprego. Em Franca, as demissões ocorreram principalmente nos setores de calçados e alimentos. Em Campinas, na indústria mecânica. A análise foi feita em 1.780 indústrias de todo o estado, que respondem por 633 mil vagas – 93% do emprego industrial de São Paulo.
"Há uma evidente queda na geração de emprego, que está perdendo o fôlego, mas continua positiva", avalia o diretor do Departamento de Economia do Ciesp, Boris Tabacof. A geração de empregos na indústria continua positiva, segundo Tabacof, por três fatores: as exportações, que "estão perdendo a força devido ao câmbio"; o crédito ao consumo, especialmente de produtos chamados de bens duráveis, embora com "juros estratosféricos"; e a produção do açúcar e do álcool, "que continua crescendo embora modestamente", explica o diretor.
Boris Tabacof responsabiliza a política de juros altos e o Real excessivamente valorizado pela queda no nível de emprego: "Se não houver um alívio nesta política de contração econômica que vem ocorrendo no Brasil, nós iremos declinando cada vez mais".