Líderes adiam para amanhã decisão sobre presidente e relator da CPI que apurará compra de votos

19/07/2005 - 18h22

Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Os líderes do governo e da oposição decidiram adiar para amanhã (20) a escolha dos parlamentares que vão ocupar a presidência e a relatoria da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que vai investigar denúncias de compra de votos na Câmara dos Deputados.

A oposição defende que os cargos sejam ocupados por um deputado do PT na Câmara e por um senador do PSDB ou PFL – as duas maiores bancadas em cada uma das Casas Legislativas. Já os governistas querem que a presidência seja ocupada por um senador do PMDB, e a relatoria, por um deputado do PT.

"Vamos dialogar e conversar. Além das indicações partidárias com as duas maiores bancadas, sempre depende do nome que está sendo proposto. Na CPI dos Correios, nós sustentamos o nome do (senador) Delcídio Amaral (PT-MS) e a CPI funciona muito bem, com equilíbrio, sem qualquer tipo de questionamento aos procedimentos. É esse o caminho que queremos assegurar a essa CPI", ressaltou o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).

Segundo o líder, o PT possui isenção suficiente para ocupar a relatoria da CPI, mesmo tendo sido apontado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como o partido que supostamente efetivaria o pagamento de mesadas a parlamentares do PP e do PL na Câmara. "Se tiver parlamentar que não está envolvido, e a maioria não está, não há qualquer tipo de menção, indício ou relação com esse episódio, está preservado o encaminhamento. Aqui, não são partidos que estão sendo questionados", afirmou.

Para o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), o próprio deputado Roberto Jefferson, ao fazer as denúncias do mensalão, isentou integralmente a bancada do PT na Câmara de envolvimento na suposta prática. "Mesmo se não tivesse sido, não podemos trabalhar com a hipótese de que um relator de qualquer bancada ou um presidente de qualquer bancada não vá fazer corretamente o seu trabalho. A própria CPI dos Correios está provando isso. Não tem nada de chapa-branca, porque não há chapa-branca quando os fatos vão se sobrepor a qualquer intenção", afirmou Chinaglia.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse que a oposição defende o nome do deputado Raul Jungmann (PPS-PE) para ocupar a relatoria ou a presidência da CPI. Virgílio garantiu que o PSDB e o PFL aceitam negociar um acordo se o nome de Jungmann for aprovado para que haja uma composição na Mesa Diretora da CPI com os governistas. "Seria um esquema de rodízio, uma posição ocupada pela maior bancada na Câmara, que é deles (do PT), e outra pela maior bancada no Senado, que é nossa (bloco PSDB-PFL). O nosso candidato é o Jungmann, por consenso ou pelo voto", afirmou Virgílio.

Já o líder do PSB na Câmara, deputado Renato Casagrande (ES), disse que o nome do senador Maguito Vilella (PMDB-GO) para ocupar a presidência da CPI é o que vem agregando o maior número de parlamentares em favor de um acordo. "Ainda não temos nada de consistente, mas o nome de Maguito agrega a base aliada. Já o deputado Jungmann tem uma posição política bem definida, e o nome dele não agrega por isso. Até amanhã serão levantados nomes pelo governo e pela oposição", afirmou o líder.

A escolha do presidente e do relator da CPMI do Mensalão está marcada para amanhã, às 11 horas, na primeira reunião oficial da comissão. Antes, será realizada sessão do Congresso Nacional às 10 horas para votação de créditos suplementares para o Ministério da Previdência Social e para as Forças Armadas.