CPI dos Correios deve concluir análise de documentos do Banco Rural ainda hoje

19/07/2005 - 19h04

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), disse que a análise dos documentos obtidos a partir da quebra dos sigilos bancários das agências do Banco Rural de Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo deve ser concluída na noite de hoje (19).

Os documentos foram repassados à CPMI pelo Banco Central. Serraglio adiantou que as informações serão utilizadas para inquirir o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, que amanhã (20) presta depoimento à CPMI.

De acordo com Serraglio, há, nos documentos enviados pelo BC, registro de que um parlamentar sacou, pessoalmente, recursos da agência do Banco Rural em Brasília. "Com certeza eu vi que tem o nome de um, não sei se existem mais (parlamentares) que, pessoalmente, fizeram (saques)", disse o relator.

Osmar Serraglio afirmou que - respeitando os limites do que pode tornar público sem violar a lei que estabelece o direito ao sigilo bancário - a CPMI está sendo "muito surpreendida com as informações obtidas". E acrescentou que, nesse caso, são informações documentadas.

O relator disse, ainda, que os dados obtidos com a quebra dos sigilos do Banco Rural não comprovam a existência do pagamento de mesada a parlamentares, o chamado "mensalão". "Eu não estou negando que seja, estou dizendo que existe a possibilidade", afirmou.

Conforme Serraglio, a versão de que o dinheiro sacado seria utilizado pelo PT para pagar dívidas de campanha será analisada. "Se eles (PT) quiserem dar a conotação de que isso aí estaria relacionado ao caixa dois da campanha é um coisa que temos que investigar, no limite do crime que tenha sido cometido", afirmou.

Para o parlamentar, somente o cruzamento dos saques com as datas do período pré-eleitoral poderá demonstrar se essa versão é verdadeira. "Se as datas mostrarem que foram feitos saques em períodos distantes da campanha eleitoral ficará mais difícil defender a tese de que os recursos eram para o apoio de candidaturas", defendeu.