Maioria das agressões a crianças atendidas em hospitais é provocada por familiares, revela pesquisa

14/07/2005 - 17h48

Rio, 14/7/2005 (Agência Brasil - ABr) - Cerca de 81% dos casos de agressões a crianças que chegam aos hospitais são provocadas por mães, pais e padrastos, e apenas 3,3%, por desconhecidos. Os dados fazem parte de uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica do Paraná, e foram apresentados hoje, no Rio, durante o 18º Congresso Internacional de Atualização em Ortopedia e Traumatologia (18º Ortra), promovido pela Sociedade de Ortopedia, seção Rio.

A pesquisa foi apresentada com o objetivo de lançar uma campanha contra maus tratos a crianças. O vice-presidente da seção Rio da Sociedade de Ortopedia, César Fontenelle, disse que ela faz parte de uma tentativa de conscientizar os ortopedistas sobre a importância de se notificarem casos com indícios de maus tratos em crianças e adolescentes.

Segundo Fontenelle, o número de agressões ainda é extremamente subnotificado, principalmente pelo medo que os médicos têm de uma retaliação do agressor. Ele disse, contudo, que o profissional tem meios de contornar este problema.

"O médico não vai ter que se envolver diretamente. A orientação é para que eles informem casos diagnosticados como suspeitos ao agente de polícia do hospital, que vai encaminhar o caso ao conselho tutelar, ou em situações mais graves, que determinem a internação da criança, até mesmo para tirá-la do ambiente de agressão", explicou.

De acordo com a pesquisa, a maior parte dos casos, 38,5%, ocorre com crianças na faixa de 5 a 9 anos e 29,8%, com crianças até 4 anos. César Fontenelle disse que a pesquisa foi apresentada para cerca de duas mil pessoas que participam do congresso, entre elas chefes de serviço de hospitais de diversas partes do país, que deverão repassar essas informações aos demais profissionais.