Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O Ministério da Educação também tem contribuído com estratégias de formação diferenciada de profissionais na área de saúde. Uma delas tem sido a de possibilitar que os estudantes de medicina façam a residência médica em locais como assentamentos da reforma agrária, comunidades remanescentes de quilombos e periferias de centros urbanos.
"As residências, que antes eram feitas apenas em hospitais, passaram a ser feitas também nessas comunidades", explica o médico Rodrigo Cariri, consultor do Departamento de Gestão da Educação na Saúde, ligado à Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde.
Segundo Cariri, essas localidades são caracterizadas por uma grande dificuldade de fixação de profissionais de saúde e a residência é uma forma de suprir essa necessidade. Já a secretária de Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Maria Luiza Jaeger, ressalta que a iniciativa é uma maneira de formar os futuros médicos no próprio local onde vão trabalhar. Segundo ela, os médicos residentes recebem uma bolsa-trabalho no valor de cerca de R$ 1,5 mil.
De acordo com a secretária, na área de saúde da família, atualmente há quase três mil bolsas de residência em todo o país, e os bolsistas já atuam no local de trabalho. "A formação precisa ter relação com o trabalho, precisamos transformar toda a rede de serviço de saúde em lugar de formação. Não tem sentido a gente dizer que 80% dos problemas de saúde a gente resolve na atenção básica e, durante toda a formação de graduação, futuros enfermeiros e médicos não passarem por esse lugar para se formar", observa.
Outra iniciativa para a formação dos profissionais voltada à graduação dos cursos de saúde é o Projeto de Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde do Brasil, (VER-SUS). O projeto visa oferecer aos estudantes uma experiência maior nas diversas esferas de funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS). "É um estágio de vivência, eles convivem com o funcionamento da rede de serviços", explica Maria Luiza. Segundo ela, no ano passado, 1,2 mil estudantes participaram do VER-SUS.
A secretária ressalta que a maior parte dos estudantes de medicina no país se forma sem conhecer o Sistema Único de Saúde, apesar de o SUS "ser o grande empregador de saúde no país". Segundo ela, cerca de 80% dos trabalhadores da área são ligados diretamente ao sistema.