Emprego na indústria paulista cresce, mas desacelera pelo 2º mês consecutivo

14/07/2005 - 15h33

Marli Moreira
da AGência Brasil

São Paulo – Em junho, a indústria paulista registrou desaceleração no ritmo de contratação de trabalhadores. Mesmo assim, mantém um saldo positivo com alta de 4,60% no nível de emprego acumulado dos últimos 12 meses (91.538 postos gerados) e de 2,73% no primeiro semestre (55.934). É o segundo mês em que há desaceleração. Em maio, o aumento de vagas de trabalho já havia sido menor que o de abril.

Isoladamente, o sexto mês do ano em comparação os meses de junho dos últimos seis anos, foi o período em que houve menor oscilação na expansão de contratos. Em relação ao total de trabalhadores empregados, 2,08 milhões, houve um aumento de 0,28% com a criação de 5.816 vagas. Essa taxa era de 0,92%, em 2000, passando para 0,57%(2001); 0,53% (2002); 0,54% (2003) e 1,40% (2004). Em maio último, cresceu 0,34% (7.038) e em abril último 0,61% (12.592).

O menor volume desde o início deste ano até então, havia sido detectado, em janeiro, quando a taxa de variação atingiu 0,31% (6.261). Os dados foram divulgados hoje pelo diretor do Departamento de Estudos e Economia (Depecon), da Fiesp, Paulo Francini.Dos 47 setores pesquisados, 26 efetuaram cortes, 15 ampliaram as ofertas do mercado de trabalho e seis mantiveram a estabilidade. Entre os que mais geraram vagas estão a indústria de materiais e equipamentos ferroviários e rodoviários (+3,51%); matérias-primas para fertilizantes (1,92%) e congelados (1,91%. Entre as que reduziram estão Móveis de Junco e Vime e Vassouras e Pincéis (-4,65%; calçados de Franca (-3,01%) e Artefatos de papel e papelão (+-2,87%), além de aparelhos elétricos, eletrônicos e similares (-0,87%). Francini, no entanto, observa que este último não reflete baixa no setor e sim uma influência no cálculo exercida por uma única empresa.

Ele argumentou que o resultado está dentro do esperado pelo setor e justificou que a indústria vive uma certa estabilidade depois de seguir uma trajetória "bonita no segundo semestre do ano passado, onde a economia apresentava boas taxas de crescimento". Em sua previsão, é possível que haja uma perda maior de fôlego, nesse segundo semestre. "Acredito que (a indústria) poderá entrar suavemente no negativo", sinalizou Francini. Classificando como expressivo o aumento de 6,3% na atividade industrial paulista, indicado pela pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), referente ao desempenho de maio último,argumentou "não vemos nisso o reinício de um processo de crescimento, foi um espasmo e achamos que vamos seguir a trajetória de queda".

Francini justifica que ainda há incertezas quanto ao futuro, citando as variações em baixa da taxa cambial e a política de juros. "O Banco Central, por exemplo, não começou a mexer nos juros ainda pode ou não começar e a taxa de câmbio tem caído continuadamente". A valorização do real frente ao dólar é um dos principais fatores apontados pelos exportadores como um desestímulo à investimentos na atividade produtiva. Os resultados da pesquisa da Fiesp de certa forma confirma a tendência de um freio na escalada de crescimento dos negócios, manifestada na sondagem conjuntural, feita pela Fundação Getúlio Vargas. Em sua coleta trimestral terminada no início deste mês, "a situação dos negócios é considerada boa por 16% dos entrevistados enquanto outros 33% classificaram como fraco o desempenho do período.