Waldomiro Diniz pedia R$ 3 milhões em propina, diz empresário

13/07/2005 - 16h08

Benedito Mendonça
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O empresário de jogos Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira, disse hoje que tem sido ele mesmo o "único prejudicado" ao denunciar o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz, "o único prejudicado nessa história toda tenho sido eu mesmo". De acordo com Cachoeira, quando gravou Waldomiro Diniz, ele o estava pressionando "atrás de propina". "Tudo para me pressionar para pagar a ele cerca de R$ 3 milhões".

A afirmação foi feita durante depoimento de Cachoeira à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, quando respondia às perguntas do relator da CPI, senador Garibaldi Alves (PMDB/RN). Cachoeira é o primeiro envolvido a prestar depoimento à CPI e disse ter perdido vários contratos depois do episódio.

A CPI dos Bingos foi criada para investigar a utilização das casas de bingo na lavagem de dinheiro e o envolvimento desse tipo de jogo com o crime organizado. A comissão foi proposta no ano passado. À época, a imprensa divulgou fita de vídeo de 2002 em que o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz aparece negociando propina com Carlinhos Cachoeira. Os líderes da base governista não indicaram os integrantes da comissão e o então presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), decidiu não fazer as nomeações. A CPI só foi instalada no final de junho, após determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo Carlinhos Cachoeira, diante dos constantes achaques de Waldomiro Diniz, teria ficado com medo de suas ameaças, principalmente por ele ser então presidente da Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj) e um homem poderoso, "uma vez que saiu de um governo e se instalou no outro que fazia oposição ao anterior". Em sua defesa, Cachoeira chegou a dizer que não é "bicheiro", como foi noticiado pela imprensa, e sim, "um empresário que trabalha dentro da lei, com caixa um".

Em outro ponto do seu depoimento, Carlinhos Cachoeira disse que, quando soube que o contrato da empresa de origem norte-americana Gtech com a Caixa Econômica Federal para gerenciar as loterias da instituição estava sendo renovado por um período mais longo do que se indicava que ocorreria, ele, juntamente com o jornalista Mino Pedrosa, foi até o sub-procurador da República, José Roberto Santoro, para denunciar que "poderia haver interferência do sr. Waldomiro Diniz naquela renovação de contrato". Cachoeira também teria dito ao procurador que tinha em sua posse uma fita contendo denúncias contra Diniz. "A partir desse momento, ele não tomou oficialmente meu depoimento", disse ele.